Mostra na Pinacoteca Aldo Locatelli rememora os 140 anos de morte do
artista, político e intelectual gaúcho, reunindo obras de acervos e coleções de Porto Alegre
Há 140 anos, a história da arte brasileira perdia uma de suas mais importantes e notáveis personalidades do século 19. Então já consagrado como importante artista, político e intelectual, tendo sido diretor da Academia Imperial de Belas Artes no Rio de Janeiro, Manuel de Araújo Porto-Alegre falecia aos 73 anos, em Lisboa, em 30 de dezembro de 1879.
Este gaúcho nascido em Rio Pardo, cuja atuação e trajetória são fundamentais no desenvolvimento das artes plásticas e da literatura no Brasil imperial, é homenageado com uma exposição na Pinacoteca Aldo Locatelli de Porto Alegre, no Paço dos Açorianos. Com abertura nesta quinta-feira (23.01.2020), das 18h30 às 21h, a mostra segue em exibição até 13.03.2020 (seg a sex, 9h às 12h e 13h30 às 18h).
Intitulada “O Barão no Paço”, a exposição reúne desenhos e pinturas originais de diversas coleções de Porto Alegre, incluindo o Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS). A curadoria é do pesquisador Paulo Gomes, professor da UFRGS e coordenador do setor de acervo da Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, do Instituto de Artes da universidade.
O MARGS participa da mostra com 4 obras de seu acervo, reafirmando a colaboração e o intercâmbio constante de empréstimos temporários entre as instituições.
Além de destacar a importância de Araújo Porto-Alegre face a sua diminuta presença no panorama da história da cultura gaúcha, bem como a oportunidade de vermos reunidas sua obras presentes em acervo locais, o curador da exposição rememora um importante fato: repatriados de Portugal, os restos mortais de Araújo Porto-Alegre foram velados por cinco dias no Salão Nobre da Prefeitura de Porto Alegre, o mesmo Paço que agora apresenta sua exposição.
(Abaixo, veja imagens das obras, leia o texto completo e confira o serviço da exposição)
Manuel de Araújo Porto-Alegre, “Painel decorativo” (1851), aquarela sobre papel, 25 x 22 cm
Manuel de Araújo Porto-Alegre, “Croquis para um cenário” (s. d.), aquarela sobre papel, 35.5 x 44 cm
Manuel de Araújo Porto-Alegre, “Porta da cidade de Peruggia” (s. d.), grafite, 26.5 x 43 cm
Manuel de Araújo Porto-Alegre, “Tivoli” (1863), grafite, 13.5 x 30 cm
Por Paulo Gomes, curador da exposição:
“Manuel de Araújo Porto-Alegre (1806 – 1879), o Barão de Santo Ângelo, nasceu no Rio Grande do Sul e, muito jovem, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fez carreira como escritor, político, jornalista, pintor, caricaturista, arquiteto, crítico e historiador da arte, professor e diplomata. O historiador Max Fleiuss chamou-o de ‘homem tudo’, uma definição precisa para essa personalidade multiforme.
Sua reduzida presença no panorama da cultura sul-rio-grandense no século XIX levou Guilhermino Cesar a escrever que ‘Se houve um gaúcho ausente dos quadros locais […], esse parece ter sido Manuel de Araújo Porto-Alegre’. Hoje a sua presença na terra natal é basicamente post mortem: túmulo, rua, monumento, nome de instituição e um rarefeito número de obras.
Esta exposição tem por objetivo marcar sua presença entre nós, no pouco numeroso, mas expressivo, acervo local de suas obras, com destaque para a excepcional coleção do Museu Júlio de Castilhos. Menor é a do MARGS e outros exemplos isolados estão na Fundacred, na Cúria Metropolitana e um desenho localizado em uma coleção privada. Temos aqui uma exposição perfil, marcante, instigante e rica de possibilidades, memória viva de sua trajetória, lida agora à luz de sua biografia artística e literária. Estas obras notáveis, dentre as quais contamos os retratos, as paisagens, os estudos decorativos, os cenários, os estudos para pinturas e os estudos de vegetação dão para delinear um retrato do intelectual do Segundo Império brasileiro.
O ano de 2019 marcou os 140 anos da morte do artista e a efeméride possibilita esta volta do Barão ao Paço, pois, a dois de janeiro de 1930, os restos mortais de Manuel de Araújo Porto-Alegre, repatriados de Portugal, retornavam ao Estado, onde foi velado por cinco dias no Salão Nobre da Prefeitura. Depois foi levado para Rio Pardo, para ‘dormir o sono eterno na querida terra natal’, como nos conta De Paranhos Antunes. Temos novamente o Barão no mesmo Paço de 90 anos atrás, uma rara oportunidade de conhecer e resgatar sua personalidade de gigantescas proporções na história da cultura brasileira do século XIX.”
“O Barão no Paço — Obras de Manuel de Araújo Porto-Alegre em coleções locais”
Curadoria Paulo Gomes
Abertura 23.01.2020, quinta-feira, das 18h30 às 21h
Pinacoteca Aldo Locatelli | Praça Montevidéu, 10, Centro Histórico | Porto Alegre
Visitação até 13.03.2020, segunda a sexta, 9h às 12h e 13h30 às 18h (último acesso às 17h30)
Informações acervo@portoalegre.rs.gov.br e (51) 3289-3735
Entrada gratuita