ITINERÁRIOS: Lenora Rosenfield abre dia 22 no MARGS

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul apresenta a exposição “Itinerários”, dedicada à trajetória da artista gaúcha Lenora Rosenfield. Com curadoria do jornalista e crítico de arte Francisco Dalcol, a mostra tem abertura no dia 22 de novembro, terça-feira, às 19h, nas galerias João Fahrion, Ângelo Guido e Sala Pedro Weingärtner. A exposição tem entrada franca e segue em cartaz até 15 de janeiro de 2017.

A seleção curatorial contempla cerca de 60 obras elaboradas ao longo dos quase 50 anos de carreira da artista, restauradora e professora do Instituto de Artes da UFRGS. São pinturas realizadas com técnicas diversas em pintura, abrangendo um recorte que contempla desde trabalhos do fim dos anos 1960 até obras recentes realizadas em 2016. Nesse conjunto, um dos destaques é a série de pinturas em que a artista utiliza uma técnica que pioneiramente criou ao longo de sua pesquisa plástica: o afresco sintético sobre não tecido.

A exposição “Itinerários” está aberta ao público de 23 de novembro de 2016 a 15 de janeiro de 2017, com visitação de terças a domingos, das 10h às 19h. Visitas mediadas podem ser agendadas pelo e-mail educativo@margs.rs.gov.br.

 

Texto curatorial

Por Francisco Dalcol*

 

A imersão no labor da pintura é capaz de levar o artista a percorrer caminhos insuspeitos em sua própria experiência. Nessas incursões, são muitos os que buscam um ponto onde possam ancorar sua obra para a partir dele desenvolvê-la. Outros como Lenora Rosenfield preferem seguir à procura de novas paradas guiados pelo que o trabalho por ora pede e reivindica. Ou seja, são artistas que encaminham sua obra nos rumos apontados pela intensa aventura do lançar-se ao desconhecido.

Nos diferentes momentos em que emigrou do Brasil para estudar, pesquisar e trabalhar em centros de ensino e universidades na Itália (em Udine e Florença) e nos Estados Unidos (em Nova York e Cambridge), Lenora Rosenfield o fez interessada por alguma questão que o momento de seu trabalho impunha de forma determinante. Sempre movida pelo interesse de conhecer o que a simples observação não dava a ver por completo.

Daí cada nova busca assumir o caráter de uma necessidade quase vital em desvendar algum aspecto do universo invisível da pintura, somente tangível aos que se dedicam a investigar em profundidade seus materiais, técnicas e formas expressivas. Na maneira como Lenora conduz essa sua jornada, a prática se dá em consonância com o seu tremendo interesse pelas descobertas, pelos usos e pelas transformações dos materiais no decorrer da História da Arte. Operação que, por si só, faz com que o antigo, o moderno e o contemporâneo pareçam se sincronizar em um só tempo que sua obra plasma em existência matérica no aqui e agora.

Na obra de Lenora, o fazer e o estar no mundo se alimentam um ao outro, amalgamados de modo indissociável. Seus interesses partem da materialidade do fazer da pintura, mas não sem invocar as camadas sedimentadas na interioridade da psicologia do ato poético e criativo. Esses processos de deslocamento entre o dentro e o fora envolvem o próprio corpo, que se faz presente no gesto da pintura, mas também ao emprestar movimento e formas no embate de sua escala frente à planaridade da pintura.

Nos temas figurativos, no gestual expressionista e na depuração abstrata, Lenora encontra a expressividade de sua pintura ao se movimentar de modo empírico e indutivo em sua pesquisa entre os materiais, os suportes e as técnicas. Busca compreender suas propriedades e características para delas tirar força plástica e conceitual.

Atrelando a prática do desenho e da pintura ao conhecimento profundo da técnica do afresco e à experiência como restauradora e professora da UFRGS, a artista desdobra todas as suas facetas no desenvolvimento de uma técnica muito pessoal, a qual chama de “afresco sintético”, uma mistura de argamassa molhada e pigmentos sobre feltro sintético. Também explora esse não tecido como suporte na pintura ao investigar as potencialidades da têmpera ovo como elemento que se integra ao processo de feitura dos recentes trabalhos da série “Planisfério”.

Apresentada em três galerias do Margs, a exposição “Itinerários” privilegia a diversidade de uma carreira de quase cinco décadas, apresentando uma seleção de pinturas que situam algumas das etapas significativas dos percursos da artista. Mas não se trata de uma retrospectiva de viés linear e cronológico.

Ao apontar alguns possíveis diálogos entre trabalhos elaborados em diferentes lugares e épocas, “Itinerários” se orienta por um sentido prospectivo: busca reconhecer nas obras e na sua articulação no espaço expositivo indicações dos caminhos percorridos pela pintura de Lenora, uma produção elaborada no devir de seus encaminhamentos. Itinerários estes que na exposição convidam o olhar a percorrê-los como uma experiência guiada pela compreensão de que o fazer da pintura envolve um sur樂威壯
preendente e infinito desvelamento de suas mais profundas camadas.

* Jornalista, crítico, pesquisador e curador independente

SERVIÇO

 

Exposição Itinerários: Lenora Rosenfield

Curadoria de Francisco Dalcol

 

Abertura: 22 de novembro de 2016, terça-feira, às 19h,  nas galerias João Fahrion, Ângelo Guido e Sala Pedro Weingärtner, no 2º andar do MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul

Visitação: 23 de novembro de 2016 a 15 de janeiro de 2017

De terças a domingos, das 10h às 19h

Entrada Franca

 

 

Apoio

Arte e Plantas

Celulose Riograndense

Café do MARGS

AAMARGS

 

Realização

MARGS

Secretaria de Estado da Cultura

Governo do Estado do Rio Grande do Sul

 

Contatos

Francisco Dalcol – curador – 9978-5095

Lenora Rosenfield – artista – 9113-5512

Viviane Possa – assessora – 9542 4114

Núcleo de Curadoria – 51 32272012

Núcleo de Comunicação – 51 32863145

 

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Telefone: 32272311

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