Sandro Ka inaugura exposição individual no MARGS

Dia 24 de agosto, a partir das 19h, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul abre a mostra Sandro Ka – Tanto barulho por nada. A exposição individual do artista apresenta cerca de 30 obras inéditas que traduzem seu repertório criativo: um universo temático e processual marcado pela presença de objetos e imagens advindos da cultura popular e da indústria cultural. Ana Albani de Carvalho assina curadoria e Carlos Trevi oferece seu olhar para apresentar o artista.

Com uma trajetória que inclui diversas exposições e premiação, Sandro Ka lança mão da apropriação como procedimento operatório central, tendo a ironia como figura de linguagem. Em seus trabalhos, a imaginação infantil, a religiosidade e a citação de ícones da historiografia da arte e da cultua pop são temas convocados como referências explícitas para questionar sistemas de crença, posições políticas, tradições e comportamentos.

Segundo Ana Albani, “na arte contemporânea, diferentes propostas jogam com o humor e a ironia como estratégias para atiçar a brasa do pensamento crítico, seja no espectador, seja na instituição que acolhe a obra e a exposição. Em tanto barulho por nada, Sandro Ka lança mão dessa poderosa ferramenta e propõe jogos de montagens que, propositalmente, ferem as regras estéticas do “bom-gosto” e as definições convencionais para o que entendemos como “obra de arte.”

Trevi afirma que “interessa ao artista o estabelecimento de relações entre elementos advindos de contextos distintos com a intenção de estabelecer novas possibilidades de leitura. Essa re-significação é proposta no campo da produção de novos sentidos, agregando valores simbólicos e de status a elementos cotidianos em inusitadas articulações”.

Sandro Ka possui obras em importantes acervos como Fundação Vera Chaves Barcellos (Viamão, RS), Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS (Porto Alegre, RS), Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul – MACRS (Porto Alegre, RS) e Sesc Juazeiro (Juazeiro do Norte, CE), entre outros.

 

SERVIÇO

Exposição  Sandro Ka – tanto barulho por nada

Curadoria  Ana Albani de Carvalho

Apresentação  Carlos Trevi

Abertura  24 de agosto de 2017 – quinta-feira, das 19h às 21h

Local  Salas Negras do Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli – MARGS (Praça da Alfândega, s/nº – Centro Histórico, Porto Alegre/RS)

Período  25 de agosto até 24 de setembro de 2017, de terça a domingo, das 10h às 19h

Entrada  franca

 

 

 

Texto de apresentação Sandro Ka por Carlos Trevi, artista e gestor cultural

Sandro Ka e seus jogos afetivos

Sandro Ka nasceu Sandro Ouriques Cardoso em 28 de julho de 1981, na cidade de Porto Alegre, RS. Aos vinte anos, decidiu mudar sua assinatura. Reduziu o sobrenome para o sonoro Ka, como um estalo, um estampido, um sobrenome para alguém com poderes super.

Filho dos gaúchos Sandra Ouriques e José Bragatto Cardoso, recebeu da mãe a versão masculina do nome e do pai a intenção malograda de homenagear o avô, Ismael. Brasileiro na essência, Sandro é herdeiro da mistura de índios, africanos e europeus. Recebeu dos pais o estímulo ao desenho e da mãe a aptidão para o ofício. Aos três anos de idade, já era reconhecido pela habilidade no traço, sendo orientado a se inscrever num curso de artes tão logo iniciou o jardim de infância. Na pré-adolescência, participou de um curso de história em quadrinhos neste mesmo museu que abriga, em suas Salas Negras, a mostra Tanto barulho por nada. Na primeira sala, figuram representativos trabalhos da sua produção tridimensional e, na segunda, sua pesquisa recente: as instigantes paisagens impressas em jogos quebra-cabeças.

Além do desenho, suas paixões de infância sempre ocuparam o lugar da fantasia, do jogo e do faz de conta. Quadrinhos, super-heróis, personagens de desenhos animados: tudo o fascinava. Um fascínio que vinha no rastro da cultura pop, da TV, da produção em escala industrial, do acúmulo, do preservar e do colecionar. Entre as brincadeiras de criança, os jogos do guardar, cuidar, exibir, reunir peças, montar novos cenários e novas possibilidades eram constantes.

 

A descoberta dos toys surgiu quando começou a aprofundar seus conhecimentos sobre artistas, a arte e todas as suas possibilidades contemporâneas, permitindo-se subverter materiais e oferecendo novos usos para objetos do cotidiano. Alfredo Nicolaiewsky, Bianca Knaak, Eleonora Fabre, Lia Menna Barreto, Nelson Leirner e Walmor Corrêa são alguns dos artistas e pesquisadores que influenciaram o olhar de Sandro Ka, evidenciados no seu dizer: “os quais eu queria ser, me filiar, estabelecer vínculos”. A partir daí, como repertório imagético, seu movimento é direcionado para a cultura popular e para a cultura de massa e, nas suas criações, a apropriação tornou-se procedimento de ação enquanto a ironia estabeleceu-se como uma linguagem constante.

Seus trabalhos encantam à primeira vista, pois são carregados da afetividade que, até inconscientemente, temos com relação a tudo o que nos rodeia. Brinquedos, peças de gesso, bolinhas de plástico, porta-joias, miniaturas, reproduções: os mais diversos objetos interessam ao artista, são poeticamente vistos “como um convite para uma conversa, para o estabelecimento de novas relações”. São relações únicas, individualizadas, atentas às peculiaridades específicas que cada objeto carrega em si, ainda que fabricado industrialmente em milhares de cópias.

Como novas experiências, surgem os quebra-cabeças: apresentados ineditamente nesta exposição, marcam o início de suas recentes investigações. São quebra-cabeças de imagens comuns, familiares. Imagens que convocam e deslocam o espectador para outros lugares. Lugares da memória. Dezenas de lugares com os mesmos atributos e elementos que parecem se fundir em um só. Um jogo de memórias para jogar com as lembranças. Um jogo dentro do jogo. Um jogo de composições infinitas, tal qual uma explosão artificial, que apenas alguém com poderes super pode reunir para formar uma imagem original, única, contemporânea, mas carregada do afeto que nos conforta. Um jogo Sandro Ka.

 

 

Sobre o artista

Sandro Ka (Porto Alegre/RS, 1981). Vive e trabalha em Porto Alegre/RS.  Artista visual, designer gráfico e agente cultural. Doutorando e mestre em Artes Visuais pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e bacharel em Artes Plásticas – Desenho pelo Instituto de Artes da UFRGS. Desde 2003, realiza exposições individuais e participa de exposições coletivas em vários estados brasileiros, desenvolvendo produções nos campos da Escultura, Desenho e Intervenção Urbana, dentre as quais se destacam a ação urbana Piscina (Praça da Alfândega, Porto Alegre, RS, 2015), as exposições individuais Sorria! Você está Sendo Abençoado (Centro Cultural Ordovás, Caxias do Sul, RS, 2014), Deixa Estar (MACRS, Porto Alegre, RS, 2013) e Relações Ordinárias (Paço Municipal, Porto Alegre, RS, 2008) e as coletivas Queermuseu: Cartografias da diferença na arte brasileira (Santander Cultural, Porto Alegre, RS, 2017), Mostra SESC Cariri de Culturas (Juazeiro do Norte, CE, 2014 e 2015), O Triunfo do Contemporâneo (Santander Cultural, Porto Alegre, RS, 2012), Labirintos da Iconografia (MARGS, Porto Alegre, RS, 2011), Pixel: Unidade da Ideia (SESC, Aracaju, SE, 2009), 18º Salão da Câmara (Câmara Municipal, Porto Alegre, RS, 2008), 19º Salão Jovem Artista (MARGS, Porto Alegre, RS, 2006) e VIII Bienal do Recôncavo Baiano (Centro Cultural Dannemann, São Félix, BA, 2006), Pequenos Diálogos, entre outras. Indicado ao Prêmio Açorianos de Artes Plásticas nas categorias Destaque em Escultura (2009 e 2014) e na categoria Projeto Alternativo de Produção Plástica (2015), foi vencedor na categoria Destaque em Textos, Catálogos e Livros Publicados com a publicação Relações Ordinárias: Livro-Objeto de desejo (2009).

 

 

 

Realização

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Museu de Arte do Rio Grande do Sul

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Entrada Franca

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