O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS (Sedac), apresenta a partir de 02.07.2019 a quarta alteração das obras que integram a exposição “Acervo em Movimento: um experimento de curadoria compartilhada entre as equipes do MARGS”, inaugurada em 16.03 nas Pinacotecas do museu.
A proposta do projeto curatorial é que equipes do Museu se encarreguem de propor substituições de obras em exposição, com o objetivo de propor novas relações, conexões, discussões e experiências frente ao conjunto dos trabalhos expostos.
Nesta última “virada” da exposição, a cargo do Núcleo de Documentação e Pesquisa e do Núcleo de Conservação e Restauro, entram em exposição não apenas obras de arte do acervo artístico do museu, como também itens do acervo documental.
No caso da equipe do Núcleo de Conservação e Restauro, as escolhas envolveram obras do acervo do museu que passaram por processos de restauração no MARGS. Após uma primeira seleção, foram escolhidas ao final sete obras, cujo conjunto representa, nas palavras da restauradora Naida Corrêa, “o esforço contínuo do museu em recuperar e preservar o patrimônio histórico artístico e cultural”. Entre elas, destacam-se as de nomes fundamentais da história da arte no Rio Grande do Sul, a exemplo de Ado Malagoli, João Fahrion, Iberê Camargo e Pedro Weingärtner. Além destes, entram também na exposição outros nomes importantes, a exemplo dos brasileiros Bustamante Sá, Henrique Bernardelli e do francês Jean-Paul Laurens.
Já por parte do Núcleo de Documentação e Pesquisa, as escolhas priorizam publicações e livros de artistas, com o objetivo de dar visibilidade a estes segmentos que integram os acervos do MARGS. Nas palavras da coordenadora do Núcleo, Maria Tereza de Medeiros, “com o conceito escolhido para esta nossa curadoria, procura-se criar um diálogo entre os acervos do museu, ou seja, o documental e bibliográfico com o acervo de obras de arte”.
Lista de documentos:
> Uma vitrine com livros de artista e álbuns do acervo artístico.
> Uma vitrine com documentos sobre o MARGS, como a cópia do decreto de fundação, fotos da inauguração da sede do museu no foyer do Theatro São Pedro e na Praça da Alfândega, cartas e documentos de artistas, como Christina Balbão, Iberê Camargo, Ado Malagoli e Plínio Bernhardt.
> Um display com a obra “Truco”, de Jailton Moreira, objeto múltiplo produzido em 2014, e que na exposição é apresentado com uma versão para ser contemplada e outra, emprestada pelo artista, para que o público possa manusear.
Livros de Artista e álbuns do Acervo do MARGS:
> Alexandra Eckert – Série “Livro Faca de Corte, coração – Coração volume l – Tomo V” (2000).
> Jean Baptiste Debret – “Viagem pitoresca e histórica ao Brasil”, com aquarelas e desenhos que não foram reproduzidos na edição de Firmin Didot – 1834 (1953-1955).
> José Lutzenberger – Álbum “O Gaúcho – I: Gaúcho Antigo no Rio” (sem data).
> Vasco Prado – Álbum ““Dom Quixote de La Mancha” (1986-87).
> Waltercio Caldas – “O Colecionador” (1974).
A exposição e o projeto curatorial
Inaugurada no dia 16 de março deste ano, como exposição de estréia do diretor-curador do MARGS, Francisco Dalcol, “Acervo em movimento: um experimento de curadoria compartilhada entre as equipes do MARGS” é uma ampla exposição baseada no acervo do museu, ocupando as três galerias das Pinacotecas, o espaço mais nobre do museu. O projeto expositivo consiste em um exercício experimental de curadoria com as equipes do museu, que atuam no desenvolvimento da mostra em regime compartilhado. A exposição inaugurou com uma seleção de obras do acervo, passando até julho por alterações quase mensais com entradas e saídas de outras obras. Cada uma dessas “viradas” é conduzida por integrantes dos Núcleos de Curadoria, Acervo, Educativo, Documentação e Pesquisa, e Restauro e Conservação.
Nas palavras do diretor-curador Francisco Dalcol, “ao abrir mão de roteiros predeterminados, procurando também eliminar hierarquias entre as obras do acervo, “Acervo em Movimento” pergunta ao visitante: quais relações podem ser feitas entre objetos de diferentes origens, períodos e estilos? O convite é que o público constitua os seus caminhos interpretativos, estabelecendo suas próprias relações e conexões, as quais sempre envolvem o que já sabemos, a expectativa do que ainda não vislumbramos e o estranhamento transformador da experiência inesperada e arrebatadora”.
“Acervo em Movimento” constitui um primeiro experimento curatorial voltado ao acervo, o qual se quer permanente na política de exibição do MARGS nesta gestão, passando a ocupar diferentes salas do museu depois desta estreia nas Pinacotecas.
As alterações de obras, que oferecem “viradas” à configuração expositiva, ocorrem nas segundas-feiras, quando o museu está fechado, e podem ser conferidas a partir do dia seguinte.
Datas das alterações:
16.03 – Abertura com seleção de obras pelo diretor-curador (Duração de 23 dias)
08.04 – Obras escolhidas pelo Núcleo de Curadoria (Duração de 27 dias)
06.05 – Obras escolhidas pelo Núcleo Educativo (Duração de 27 dias)
03.06 – Obras escolhidas pelo Núcleo de Acervo (Duração de 27 dias)
01.07 – Obras escolhidas pelo Núcleo de Documentação e Restauro (Duração de 20 dias)
21.07 – Encerramento da exposição (prorrogado para 28.07)
Ações do Núcleo Educativo
Durante o período de visitação até julho, serão realizadas atividades, ações, falas e um curso dentro do programa público da exposição.
Acompanhe a programação:
TEXTO CURATORIAL
O Acervo Artístico do MARGS guarda mais de 5.600 obras de arte do século 19 à atualidade, de artistas brasileiros e estrangeiros. Abrange, assim, desde produções regidas pelos modelos acadêmicos, passando pelas rupturas das manifestações dos modernismos em diferentes geografias, até chegar à pluralidade dos desdobramentos operados pelas práticas artísticas contemporâneas.
“Acervo em movimento” é um programa expositivo concebido em 2019 para trazer a público esse rico e diversificado acervo, por meio de uma exposição de longa duração que se vale da estratégia de rotatividade do que está exposto.
Assim, obras entram e saem da exposição com o objetivo de manter uma renovação frequente e constante do conjunto em exibição.
As alterações se dão segundo escolhas propostas pela curadoria do Museu e em colaboração com as equipes, que exercitam de modo compartilhado e transversal um mesmo método de organização de uma mostra dedicada a exibir o acervo.
Para que o público acompanhe a dinâmica de substituições das obras, bem como as configurações assumidas pela exposição em suas diferentes fases e momentos, a data de entrada de cada trabalho consta informada em sua etiqueta.
Fundamentado por noções de dispositivo, montagem e display, o modelo de exposição recombinante adotado por “Acervo em movimento” lança mão de um processo curatorial de caráter experimental.
Cada mudança — em parte ou no todo da mostra — opera o que passamos a denominar como “nova virada da exposição”, sendo sempre concebida como uma resposta à configuração anterior, e por vezes até às outras exposições no mesmo momento em exibição no Museu, estabelecendo diálogos com as demais salas e galerias.
Com a estratégia de rotatividade das obras expostas, as substituições geram recombinações que procuram propor novas relações e chaves de compreensão, oferecendo ao público uma exposição sempre viva e dinâmica, que aposta mais na experiência da descoberta do que na orientação do discurso.
O interesse é sondar as provisórias relações de vizinhança estabelecidas entre as obras, assim como as tensões das partes com o todo, propondo desdobramentos que intensificam e multiplicam as formas de ver, sentir e reagir.
Parte-se do entendimento de que obras de arte não “falam” apenas por si mesmas, uma vez que seus sentidos são também efeito do que podem produzir no interior dos territórios relacionais e narrativos que uma exposição é capaz de colocar em causa.
Assim, esta exposição pergunta ao visitante: quais podem ser as relações entre trabalhos distintos e de diferentes épocas, contextos e linguagens?
O convite é que o público constitua os seus caminhos interpretativos, estabelecendo os seus próprios encontros, relações e conexões, os quais sempre envolvem o que já sabemos, a expectativa do que ainda não vislumbramos e o estranhamento transformador da experiência inesperada e arrebatadora.
Ao abrir mão de agrupamentos segundo roteiros lineares e predeterminados por categorias e convenções como técnica, suporte e tipologia, assim como por recortes geográficos de origem e pertencimento, “Acervo em movimento” se alinha às discussões que reavaliam o processo histórico da modernidade artística em sua noção de desenvolvimento cronológico, evolutivo e sucessivo.
Assim, procura-se oferecer um exame crítico de hierarquias, assimetrias e leituras consensuais que reiterariam a construção de um cânone entre as obras do acervo do MARGS, cujo caráter excludente é aqui reavaliado à luz de questões contemporâneas em favor da exigência de maior compromisso com pluralidade, diversidade, inclusão e representatividade.
Em sua proposição, “Acervo em movimento” busca mobilizar questões prementes que orientam a visão curatorial e linha de atuação da direção artística do MARGS, como a necessidade de se descolonizar narrativas hegemônicas, dessacralizar a retórica dos discursos canônicos, tensionar hierarquias dominantes e explicitar as presenças e ausências em acervos e exposições.
Como programa expositivo que marcou a estreia da gestão 2019-2022 do MARGS, “Acervo em movimento” é um programa de caráter permanente que integra a política institucional de aquisições e divulgação do acervo do Museu, instituído com o objetivo de explorar estratégias de abordagem de sua exibição por meio de processos curatoriais voltados à experimentação de estratégias expositivas.
Francisco Dalcol
Diretor-curador do MARGS
Doutor em Teoria, Crítica e História da Arte
SERVIÇO
4ª e última alteração das obras da exposição “Acervo em Movimento: um experimento de curadoria compartilhada entre as equipes do MARGS” (de 02 de julho a 21 de julho – prorrogada para 28.07)
Visitação: o projeto curatorial segue em exibição até 21 de julho de 2019 (prorrogada para 28.07)
Local: Pinacotecas do MARGS (Praça da Alfândega, s./n.º)
Entrada Franca
O MARGS funciona de terças a domingos, das 10h às 19h, sempre com entrada gratuita.
Visitas mediadas podem ser agendadas no e-mail educativo@margs.rs.gov.br
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Realização
Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria de Cultura do RS
Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli
Localização: Praça da Alfândega, s./n.
Centro Histórico, Porto Alegre, RS
Telefone: 51 32272311
Site: www.margs.rs.gov.br
www.twitter.com/margsmuseu