Carlos Vergara — Poética da exuberância

Ministério da Cultura, Governo do Estado do RS, Secretaria de Estado da Cultura, Museu de Arte do Rio Grande do Sul e Fundação Iberê Camargo apresentam a exposição “Carlos Vergara — Poética da exuberância”.

A parceria entre MARGS e Fundação Iberê, que se dá por ocasião dos 70 anos do Museu, consiste em um modelo de colaboração até então inédito entre as instituições, resultando em um projeto de formato inovador. A exposição foi pensada como uma ampla e histórica individual sobre a produção e a trajetória de Carlos Vergara (Santa Maria/RS, 1941), porém dividida em 2 partes apresentadas simultaneamente, uma na Fundação Iberê e outra no Museu. Para a sua organização, foi convidado o curador Luiz Camillo Osorio, que há muito acompanha a produção do artista gaúcho, que é um dos principais nomes da arte brasileira. 

A inauguração será no dia 24.02.2024, em eventos gratuitos e abertos ao público nas duas instituições, com encontro e visitas guiadas pelo artista e pelo curador: primeiramente no MARGS, às 11h; e depois na Fundação Iberê, a partir das 14h, seguida por uma conversa no auditório, às 16h.

“Carlos Vergara — Poética da exuberância” traz um panorama retrospectivo da carreira do artista, reunindo mais de 90 obras pertencentes a coleções do Rio de Janeiro e de Porto Alegre. 

Na Fundação Iberê, a seleção apresentada no 2º andar enfatiza a produção em desenho e pintura, destacando obras desde a década de 1960, algumas delas expostas pela primeira vez, como as realizadas quando Vergara era assistente de Iberê Camargo no Rio de Janeiro. 

Já no MARGS, a mostra ocupa duas salas do 2º andar, destacando os processos experimentais desenvolvidos pelo artista envolvendo monotipia e pintura, com a reunião de trabalhos em grande formato que integram as séries “São Miguel” e “Boca de forno”.

“Igualmente a Iberê Camargo, de quem seria aluno e assistente, Vergara sempre se afirmou e segue se afirmando como gaúcho, mesmo não tendo efetivamente vivido no Estado, assim expressando sua vontade de como ser reconhecido. Essa compreensão dos caminhos que ligam ambos os artistas se renova em 2024 com uma exposição que o MARGS e a Secretaria de Estado da Cultura têm a honra e a satisfação de apresentar conjuntamente com a Fundação Iberê”, ressalta Francisco Dalcol, diretor do Museu de Arte do Rio Grande do Sul.

“É da casa-ateliê de Vergara, no topo de Santa Teresa, bairro boêmio e residência de artistas consagrados do cenário nacional, que saem preciosidades – algumas das quais expostas na Fundação Iberê e, outras, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, numa homenagem que as duas instituições, de forma rara e inédita, prestam a este artista de Santa Maria, já consagrado internacionalmente”, diz Emilio Kalil, diretor-superintendente da Fundação Iberê. 

O projeto realizado em parceria entre o Museu e a Fundação Iberê reforça ainda vínculos. A parte da exposição de Vergara no MARGS tem lugar em duas galerias, não por acaso uma que leva o nome de Iberê, de quem foi aluno e assistente. Vinculações também se dão com relação à história das exposições do Museu. Em 2009, Vergara apresentou a mostra “Sagrado coração, Missão de São Miguel”, que até aqui figurava como sua primeira e única individual no MARGS. Na ocasião, exibiu a produção que realizou em viagem às ruínas da redução de São Miguel das Missões, em seu interesse artístico por investigar a experiência jesuítica no Rio Grande do Sul. Agora, “Carlos Vergara – Poética da exuberância” conta no MARGS com um segmento dedicado a obras desse projeto.

Por todos esses sentidos, a exposição integra no Museu o programa expositivo “História do MARGS como História das Exposições”, que trabalha a memória da instituição abordando a história do museu, as obras e constituição do acervo e a trajetória e produção de artistas que nele expuseram, a partir de projetos curatoriais que revisitam, resgatam e reexaminam episódios, eventos e exposições emblemáticas do passado do MARGS, de modo a compreender sua inserção e recepção públicas.

Organizada pela Fundação Iberê e pelo MARGS e em exibição até 05.05.2024, “Carlos Vergara — Poética da exuberância” é apresentada como parte da ampla programação comemorativa iniciada em 2023, alusiva ao aniversário de 70 anos do MARGS, a ser celebrado em 27.07.2024.

Visitação de terça-feira a domingo, das 10h às 19h (último acesso 18h), com entrada gratuita. 

O MARGS oferece visitas mediadas para grupos, mediante agendamento prévio pelo e-mail educativo@margs.rs.gov.br.

 

TEXTO CURATORIAL MARGS

Por Luiz Camillo Osorio
Curador convidado

Estas duas exposições de Carlos Vergara em Porto Alegre, na Fundação Iberê e no MARGS, são uma verdadeira ocupação Vergara na cidade. Além de gaúcho, ele foi assistente de Iberê, em meados dos anos 1960. Esse período foi uma escola sem igual, em que rigor poético e liberdade criativa eram transmitidos em ato. Nestes 60 anos de produção, sua poética deslocou-se incansavelmente entre linguagens, suportes e atmosferas poéticas.

As duas salas aqui do MARGS concentram-se na figura do artista viajante, iniciada nos anos 1980, e na produção realizada nas Missões Jesuítas de São Miguel, na fronteira Sul do Brasil. As monotipias que começam neste período, feitas nos fornos, nos chãos e nas paredes, na natureza e na arquitetura, impregnadas de tempo e de vida, estruturam-se posteriormente no ateliê. Depois de deslocadas do contexto da impressão, via impregnação, são retrabalhadas com cor ou simplesmente com uma fixação mais rigorosa com resina. Só a partir deste complemento realizado no ateliê as obras ganham corpo e densidade.

Olhar retrospectivamente para o que aconteceu nas Missões requer cuidado justamente por conta da impossível imparcialidade no tratamento do assunto. No século XVII, as diferenças culturais eram tratadas de forma opressiva e violenta. O outro inexistia no imaginário ocidental. Como poderia a arte revelar um acontecimento singular, um momento em que culturas e formas de vida entraram em uma deriva desorientadora? Como partir deste resíduo fixado nas ruínas de um mundo perdido e trazê-lo para o presente, desarmando a desconfiança diante daquilo que não sabemos exatamente o que foi? 

É essa experiência do sem nome, do que não sabemos como classificar, como identificar, que parece se entranhar em alguns dos lenços e dos registros pictóricos de São Miguel. A fragilidade dos lenços, sua transparência, a reminiscência dos sudários, tudo isso é memória de gestos que sobrevivem no tempo. Repetição e mistério restituem no agora o que, de outra forma, ficaria para sempre vedado no que já foi, no outrora.

Ao longo de 60 anos de trajetória, Vergara transformou continuamente sua linguagem e procedimentos criativos – desenho, gravura, fotografia, pintura, monotipias, audiovisual, instalação –, tomando caminhos inesperados, assumindo riscos e recusando todo tipo de acomodação. A cada deslocamento, a obra se renova. É raro vermos um artista tão ávido pela aventura poética e pelo encantamento visual.

 

APRESENTAÇÃO INSTITUCIONAL MARGS

Por Francisco Dalcol
Diretor-curador MARGS

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul – MARGS e a Secretaria de Estado da Cultura –Sedac têm a honra e a satisfação de apresentar conjuntamente com a Fundação Iberê a exposição “Carlos Vergara — Poética da exuberância”.

A parceria, que se dá por ocasião dos 70 anos do MARGS, parte de um modelo de colaboração até então inédito entre as instituições, resultando em um projeto de formato inovador. A exposição foi pensada como uma ampla e histórica individual sobre a produção e a trajetória de Vergara, porém dividida em duas partes apresentadas simultaneamente, uma na Fundação Iberê e outra no Museu. Para a sua organização, foi convidado o curador Luiz Camillo Osorio, que há muito acompanha a produção do artista gaúcho, que é um dos principais nomes da arte brasileira. 

A parceria reforça ainda vínculos. A parte da exposição de Vergara no MARGS tem lugar em duas galerias, não por acaso uma que leva o nome de Iberê, de quem foi aluno e assistente. Vinculações também se dão com relação à história das exposições do Museu. Em 2009, Vergara apresentou a mostra “Sagrado coração, Missão de São Miguel”, que até aqui figurava como sua primeira e única individual no MARGS. Na ocasião, exibiu a produção que realizou em viagem às ruínas da redução de São Miguel das Missões, em seu interesse artístico por investigar a experiência jesuítica no Rio Grande do Sul. Agora, “Carlos Vergara – Poética da exuberância” conta no MARGS com um segmento dedicado a obras desse projeto.

Por todos esses sentidos, a exposição integra no Museu o programa expositivo “História do MARGS como História das Exposições”, que trabalha a memória da instituição abordando a história do museu, as obras e constituição do acervo e a trajetória e produção de artistas que nele expuseram, a partir de projetos curatoriais que revisitam, resgatam e reexaminam episódios, eventos e exposições emblemáticas do passado do MARGS, de modo a compreender sua inserção e recepção públicas.

Assim, nesta parceria que resulta em um dos pontos altos da programação alusiva aos 70 anos do MARGS, agradecemos pela oportunidade a Vergara, Camillo, à Fundação Iberê e ao diretor-superintendente Emilio Kalil e sua equipe, assim como aos apoiadores e patrocinadores que tornam possível este projeto.

 

O ARTISTA

Carlos Vergara (Santa Maria/RS, 1941) nasceu em Santa Maria (RS), em 1941. Filho de reverendo anglicano, aos 2 anos de idade acompanhou a mudança da família para São Paulo. Desde 1954, vive e trabalha no Rio de Janeiro.

Iniciou sua trajetória nos anos 1960, no Rio, tendo sido aluno e assistente de Iberê Camargo.

Depois de um período explorando o viés expressionista em desenho e pintura, absorveu elementos gráficos e da cultura de massa, integrando, ao lado de nomes como Rubens Gerchman e Antonio Dias, a chamada Nova Objetividade, uma manifestação politizada da pop art no Brasil no contexto em que a resistência à ditadura civil-militar era incorporada ao trabalho de jovens artistas. 

Nos anos 1960, participa de salões e importantes exposições e eventos de vanguarda, como “Opinião 65” e “Nova objetividade brasileira” (1967) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, além de “Bandeiras na praça” (1968) e Salão da bússola (1969). Essas mostras se tornaram marcos da história da arte brasileira ao evidenciar a postura crítica dos novos artistas diante da realidade social e política da época. 

Nos anos 1970, passou a explorar a fotografia e o filme, com destaque para os trabalhos que realizou documentando festejos populares como o Carnaval.

Em 1975, integrou o conselho editorial da revista Malasartes, importante publicação organizada por artistas e críticos de arte, com o intuito de criar debates e reflexões sobre o meio de arte no Brasil.

Em 1977, participou da fundação da Associação Brasileira de Artistas Plásticos Profissionais, chegando a ser presidente da entidade, criada para reivindicar a participação dos artistas nos debates e decisões das políticas culturais nas artes visuais. 

Na década seguinte, retomou a pintura, pesquisando técnicas e processos experimentais e inovadores.

Nos anos 1990, prosseguiu nessa orientação, aprofundando o uso de elementos da natureza e minérios como pigmentos. Também começou a fazer viagens para realizar seus trabalhos.

Desde então, a pintura e a monotipia têm sido o cerne de um percurso de experimentação. Novas técnicas, materiais e pensamentos resultam em obras contemporâneas, caracterizadas pela inovação e pela expansão do campo da pintura. 

Em 2009, apresentou no MARGS a mostra “Sagrado coração, Missão de São Miguel”.

Em 2011, apresentou o projeto Liberdade, impactante trabalho sobre a implosão do Complexo Penitenciário Frei Caneca, no Rio. Fez pinturas e filmes, além de uma instalação em que usou as portas das celas do presídio.

Ao longo de mais de 200 exposições, já participou da Bienal de São Paulo (1963, 1967, 1985, 1989 e 2010), Bienal de Veneza (1980) e Bienal do Mercosul (1997 e 2011), entre outras.

Em 2015, apresentou “Sudários”, no Instituto Ling, que até aqui figurava como sua mais recente individual em Porto Alegre.  

 

O CURADOR

Luiz Camillo Osorio (Rio de Janeiro, 1963).  Pós-doutorado Universidade de Lisboa e Universidade Católica do Porto, 2023. Doutor em Filosofia, PUC-Rio, 1998. Trabalha na área de Estética e Filosofia da Arte. Principais focos de interesse na pesquisa: As articulações entre arte, estética e política; Autonomia e engajamento; Teorias do gênio, desinteresse e sublime; Curadoria, crítica e história da arte; As relações entre arte, museu e mercado. Paralelamente à pesquisa acadêmica atua como crítico e curador. É curador do Instituto PIPA desde 2016. Foi curador do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro entre 2009 e 2015 e curador do Pavilhão brasileiro na Bienal de Veneza de 2015. Fez várias curadorias independentes em instituições brasileiras e internacionais. Assinou coluna de crítica de arte nos Jornais O Globo (1998/2000 e 2003/2006) e Jornal do Brasil (2001) e da revista espanhola EXIT Express (2006/2007). Membro do grupo de Pesquisa cadastrado no CNPQ – Arte, Autonomia e Política – junto com os professores Pedro Duarte (Filosofia PUC-Rio) e Sergio Martins (História PUC-Rio)

 

SERVIÇO

Exposição “Carlos Vergara — Poética da exuberância”

Curadoria: Luiz Camillo Osorio

Quando: abertura 24.02.2024 no MARGS e na Fundação Iberê Camargo, em eventos gratuitos e abertos ao público. Em exibição até 05.05.2024 em ambas as instituições

Abertura no MARGS: 11h, seguida de visita guiada pelo artista e pelo curador no 2º andar expositivo (galeria Iberê Camargo e sala Oscar Boeira). Praça da Alfândega, s/n° — Centro Histórico de Porto Alegre, RS – Brasil – 90010-150

Abertura na Fundação Iberê: 14h, seguida de conversa com artista e curador no auditório às 16h. Exposição no 2º andar expositivo. Av. Padre Cacique, 2000 – Cristal, Porto Alegre, RS — Brasil — 90810-240

Visitação no MARGS: terça-feira a domingo, das 10h às 19h (último acesso às 18h), com entrada gratuita. O MARGS também oferece ao público visitas mediadas às mostras, mediante agendamento através do e-mail educativo@margs.rs.gov.br. São também oferecidas visitas técnicas ao Museu, mediante solicitação prévia e avaliação 

Visitação na Fundação Iberê: quarta-feira a domingo, das 14h às 18h30 (último acesso às 18h30). Às quintas, a entrada é gratuita, e, de sexta a domingo, os ingressos custam entre R$ 10 e R$ 30. As visitas mediadas às exposições em cartaz devem ser agendadas pelo e-mail agendamento@iberecamargo.org.br ou pelo telefone (51) 3247 8013

Informarções exposição Fundação Iberê: http://iberecamargo.org.br/exposicao/carlos-vergara-poetica-da-exuberancia/

 

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MARGS | MUSEU DE ARTE DO RIO GRANDE DO SUL 

Instituição museológica pública, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura do RS, voltada à história da arte e à memória artística, assim como às manifestações, linguagens, investigações, pesquisas e produções em artes visuais.

O MARGS realiza seus projetos por meio de patrocínios como pela Lei de Incentivo à Cultura Federal. O projeto do Plano Anual 2023, gerido pela Associação de Amigos do Museu (AAMARGS), está identificado pelo PRONAC 223047 sob o nome “Exposições de Artes Visuais no MARGS”.

Patrocínio direto:

Banrisul

Apoio:

Café do MARGS

Banca do Livro

Bistrô do MARGS

Arteplantas

iSend

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Realização:

AAMARGS – Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul 

MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul 

SEDAC – Secretaria de Estado da Cultura do RS / Governo do Estado do Rio Grande do Sul

MARGS

Praça da Alfândega, s/n°

Centro Histórico, Porto Alegre, RS, 90010-150

Visitação de terça a domingo, 10h às 19h, entrada gratuita

Telefone: (51) 3227-2311

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