O Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS, instituição vinculada à Secretaria de Estado da Cultura do RS — Sedac, apresenta a exposição “Glauco Rodrigues — TROPICAL”.
Aberta para visitação a partir de 20.12.2022, a mostra segue em exibição até 16.04.2023, ocupando duas salas no 2ª andar.
Artista nascido em Bagé, Glauco Rodrigues (1929-2004) ficou notabilizado pela sua atuação nas importantes realizações do denominado “Grupo de Bagé” e dos Clubes de Gravura criados nos anos 1950. Assim, seu nome costuma figurar junto aos de artistas como Glênio Bianchetti, Danúbio Gonçalves e Carlos Scliar.
Esse Glauco relacionado à representação do homem e das paisagens do campo, do trabalho rural da pecuária e dos tipos e costumes regionais — ligado, portanto, ao gaúcho e à cultura campeira sulina — foi desde então bastante celebrado. Inclusive pelo MARGS, como atesta a história das exposições do Museu.
Depois de partir no final dos anos 1950 para experiências no Brasil e na Europa, fixando-se a seguir no Rio de Janeiro, Glauco dá um direcionamento ao seu trabalho em que passa a fazer da história e da cultura brasileiras o maior interesse e tema privilegiado de sua produção.
A exposição enfoca esse “Glauco tropical”, que surge nos anos 1960, explorando os temas de uma identidade brasileira vivenciados a partir da experiência carioca.
Com seu inconfundível grafismo e colorido na figuração de acento pop, são obras nas quais Glauco explora fatos, estereótipos, tipos e complexidades da história e da cultura brasileiras, de forma crítica e analítica (leia mais abaixo, no texto curatorial).
A mostra apresenta uma seleção de 49 obras do Acervo Artístico do MARGS, onde o artista está representado por mais de 300 trabalhos. A maior parte foi adquirida em 2018, com a generosa doação de Norma de Estellita Pessôa, viúva de Glauco. Desde então, essas obras foram sendo submetidas a processos de restauração, possibilitando agora que estejam em condições de exibição para esta que é uma primeira apreciação pública do conjunto, a partir de um recorte temático e que cobre um período dos anos 1960 a 90.
Com curadoria de Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Cristina Barros, curadora-assistente do MARGS, “Glauco Rodrigues — TROPICAL” integra 2 programas expositivos em operação no Museu que são aqui interligados: “Histórias ausentes”, voltado a resgates e revisões históricas, e “História do MARGS como história das exposições”, que aborda a história institucional do Museu.
TEXTO CURATORIAL
Glauco Rodrigues — TROPICAL
Em uma história da arte desde o sul do Brasil, Glauco Rodrigues (1929-2004) ficou notabilizado pela sua vinculação às importantes realizações do denominado “Grupo de Bagé” e dos Clubes de Gravura criados nos anos 1950 nesta mesma cidade e em Porto Alegre.
Assim, seu nome sempre costumou figurar junto aos de Glênio Bianchetti, Danúbio Gonçalves e Carlos Scliar, também por em comum terem naquele período compartilhado meios de trabalho e convergido suas produções em torno de um mesmo pensamento e posicionamento artísticos. Foi, em suma, a reação conjunta que os uniu contra as correntes internacionais da abstração, a partir de uma defesa politizada da figuração realista de vertente expressionista e cunho social-regionalista.
Esse Glauco relacionado à representação do homem e das paisagens do campo, do trabalho rural da pecuária e dos tipos e costumes regionais — ligado, portanto, ao gaúcho e à cultura campeira sulina — foi desde então bastante celebrado. Inclusive pelo MARGS, como atesta a história das exposições do Museu.
Uma história, contudo, na qual constam ausentes exposições sobre os “outros” Glaucos, que passaram a “habitar” o mesmo artista a partir do final da década de 1950, quando parte para experiências no Brasil e na Europa, fixando-se no Rio de Janeiro em seu retorno.
Sobretudo um “Glauco tropical” que surge a partir dos anos 1960, no ambiente do Rio, e que passa a fazer da história e da cultura brasileiras o maior interesse e tema privilegiado de sua obra.
É esse Glauco que a presente exposição enfoca, como parte de 2 programas expositivos em operação no Museu que são aqui interligados: “Histórias ausentes”, voltado a resgates e revisões históricas, e “História do MARGS como história das exposições”, que aborda a história institucional do Museu.
“Glauco tropical” reúne um recorte de 49 obras do Acervo Artístico do MARGS, onde o artista está representado por mais de 300 trabalhos.
A maior parte foi adquirida em 2018, com a generosa doação de Norma de Estellita Pessôa, viúva de Glauco. Desde então, essas obras foram sendo submetidas a processos de restauração, possibilitando agora que estejam em condições de exibição para esta que é uma primeira apreciação pública do conjunto, a partir de um recorte temático e que cobre um período dos anos 1960 a 90.
A seleção está concentrada nesse “Glauco tropical”, caracterizado por explorar — com seu inconfundível grafismo e colorido na figuração de acento pop — os temas de uma identidade brasileira, vivenciados a partir da experiência carioca.
Os povos originários, o colonizador, o carnaval, o futebol, a natureza tropical, a religiosidade, a televisão e a história do Brasil. E também a cultura de massa e o culto às celebridades. Quase sempre se valendo de imagens prévias em circulação, até mesmo da iconografia da história da arte, como é o caso de “Segunda missa no Brasil” (1996), obra que funciona como espécie de ponto de partida desta exposição.
Em comum, são todas obras nas quais Glauco explora fatos, estereótipos, tipos e complexidades da história e da cultura brasileiras, de forma crítica e analítica, pela via do humor, da ironia, da farsa e mesmo da provocação e do sarcasmo.
Uma diversidade de motivos tão bem definida pelo próprio Glauco ao comparar sua produção aos enredos dos desfiles de carnaval — “sou uma espécie de escola de samba” — e pela expressão que o crítico Roberto Pontual elaborou sobre a produção do artista — “tropicalismo crítico”.
Francisco Dalcol
Diretor-curador do MARGS, doutor em Teoria, Crítica e História da Arte
Cristina Barros
Curadora-assistente do MARGS, bacharela em História da Arte
TEXTO BIOGRÁFICO
Glauco Rodrigues
(Bagé/RS, 1929 — Rio de Janeiro/RJ, 2004)
Pintor, desenhista, gravador, ilustrador e cenógrafo. Sua obra explora a figuração tanto realista como mais lírica, destacando-se a de cunho pop, entremeada por incursões no abstracionismo informal.
Começa a pintar em 1945, como autodidata. Ainda em Bagé, integra com artistas como Clóvis Chagas e Glênio Bianchetti o grupo que se aglutina em torno do poeta Pedro Wayne, de influência vanguardista, e que passa, em 1948, a ter aulas com o pintor carioca José Moraes, vindo de formação na Escola Nacional de Belas Artes — ENBA e de lições com Quirino Campofiorito e Portinari.
Ainda em 1948, esse grupo — que já contava também com Danúbio Gonçalves, Denny Bonorino e Júlio Meirelles e professava assumido posicionamento modernista — é apresentado em Porto Alegre na célebre exposição “Os novos de Bagé”, termo cunhado pelo crítico Clovis Assumpção e que geraria a alcunha “Grupo de Bagé”.
Em 1949, ganha bolsa de estudos da Prefeitura de Bagé e freqüenta, por três meses, a Escola Nacional de Belas Artes — ENBA, no Rio de Janeiro.
Em 1951, funda o Clube de Gravura de Bagé, com Bianchetti e Gonçalves. Fixa-se em Porto Alegre e participa do Clube de Gravura criado na cidade por Carlos Scliar e Vasco Prado.
Em 1958, muda-se para o Rio de Janeiro e passa a atuar também como ilustrador, integrando a primeira equipe da revista Senhor.
Participa da Bienal de Paris em 1961 e, no ano seguinte, se estabelece em Roma, onde permanece até 1965. Um ano antes, participa da Bienal de Veneza.
De volta ao Brasil, insere-se no ambiente artístico do Rio de Janeiro, onde estão em evidência a chamada nova figuração e o neoconcretismo, participando de importantes exposições como “Opinião 66” e “Nova objetividade brasileira” (1967) no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro.
Em 1967, é premiado na IX Bienal Arte de São Paulo, conhecida como a “bienal do pop”.
Na ilustração, destacam-se trabalhos como a capa do livro “Morte e vida Severina” (1955), de João Cabral de Melo Neto, e o cartaz do filme “Garota de Ipanema” (1967), de Leon Hirszman.
Na década de 1980, recebe o Prêmio Golfinho de Ouro Artes Plásticas do Governo do Estado do Rio de Janeiro e publica livro que reúne toda a sua obra. Em 1999, ganha o Prêmio Ministério da Cultura Candido Portinari – Artes Plásticas.
Falece vítima de parada respiratória em 2004, aos 75 anos, no Rio.
Em 2013, o crítico francês Nicolas Bourriaud dedica uma sala a Glauco na mostra “L’Ange de l’histoire” (Anjo da história), na École Nationale de Beaux Arts, em Paris. Por ocasião dessa mostra, a revista Art Press publica matéria com obra de Glauco na capa. Em 2019, Bourriaud expõe Glauco na Bienal de Istambul.
Em 2016, é lançado o documentário “Glauco do Brasil”, dirigido por Zeca Brito.
SERVIÇO
“Glauco Rodrigues — TROPICAL”
Quando: 20.12.2022 a 16.04.2023
Onde: 2º andar expositivo do MARGS (Galeria Iberê Camargo e sala Oscar Boeira). Praça da Alfândega, s/n°, Centro Histórico de Porto Alegre, RS — Brasil — 90010-150
Visitação: terça-feira a domingo, das 10h às 19h (último acesso 18h), com entrada gratuita
MARGS | MUSEU DE ARTE DO RIO GRANDE DO SUL
Instituição museológica pública, vinculada à Secretaria de Estado da Cultura do RS, voltada à história da arte e à memória artística, assim como às manifestações, linguagens, investigações, pesquisas e produções em artes visuais.
O MARGS realiza seus projetos por meio do Plano Anual via Lei de Incentivo à Cultura Federal, gerido pela Associação de Amigos do Museu (AAMARGS). O Plano Anual 2021 (Pronac: 203582) conta com os seguintes patrocinadores e apoiadores.
Patrocínio:
Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE
CMPC Celulose Riograndense Ltda
Vero Banrisul
Gerdau
Apoio:
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Banca do Livro
Bistrô do MARGS
Arteplantas
Tintas Killing
iSend
Realização:
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MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul
SEDAC – Secretaria de Estado da Cultura do RS / Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Secretaria Especial da Cultura / Ministério do Turismo / Governo Federal
MARGS
Praça da Alfândega, s/n°
Centro Histórico, Porto Alegre, RS, 90010-150
Visitação de terça a domingo, 10h às 19h, entrada gratuita
Telefone: (51) 3227-2311
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