O Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS — SEDAC e com patrocínio do Banrisul, anuncia a sua reabertura no dia 06.12.2024, sexta-feira, a partir das 15h.
Sete meses após o fechamento em virtude da enchente de maio de 2024 em Porto Alegre, que manteve a Praça da Alfândega inundada por mais de 3 semanas, o MARGS reabre ao público apresentando uma exposição concebida especialmente para marcar o retorno.
Intitulada “Post scriptum — Um museu como memória”, a mostra aborda a inundação do térreo do prédio do Museu, narrando a jornada enfrentada pelo MARGS no maior desastre natural da história do Rio Grande do Sul. Assim, proporciona um contexto para se reportar as medidas preventivas, o impacto dos danos e as ações de recuperação, atendendo ao interesse público e coletivo e cumprindo o objetivo institucional de oferecer uma circunstância de pensamento e reflexão.
Para isso, a exposição mobiliza e ativa uma ampla documentação com registros relacionados às consequências da enchente de 2024 no MARGS (fotografias, vídeos e objetos, a maior parte inédita), juntamente a conteúdos de caráter histórico (imagens de época e textos de pesquisa) relacionados aos aterramentos do Guaíba ao longo do tempo e às cheias históricas anteriores, como a de 1941, quando o prédio do Museu, então Delegacia Fiscal, também foi inundado em seu andar térreo.
Esse conteúdo é articulado em diálogo com obras do acervo do MARGS, incluindo itens afetados que já foram recuperados e são agora exibidos, juntamente a trabalhos de artistas convidados.
A exposição reúne centenas de trabalhos artísticos, objetos e imagens fotográficas. São apresentadas mais de 100 obras, de mais de 60 artistas.
Ocupando todo o 1º andar expositivo do Museu, a exposição é apresentada em 5 seções temáticas e conceituais, setorizadas conforme os espaços expositivos e pensadas de forma interligada:
- A Praça e o MARGS — Relacionando obras e documentação, tem como tema a Praça da Alfândega e o prédio do MARGS. Aborda a enchente de 2024 que atingiu o Museu, os aterros do Guaíba ao longo do tempo e as enchentes anteriores, como a de 1941, que também inundou o edifício, quando no local funcionava a Delegacia Fiscal.
- Imagens que nos olham — Propõe ao visitante explorar imaginários em obras do acervo do MARGS, a partir do repertório visual e simbólico relacionado à experiência da enchente. São reunidas imagens e objetos artísticos que invocam índices e elementos relacionados à água, à cidade e à ação do homem no ambiente natural.
- Obras recuperadas — Reúne um conjunto de obras do acervo do MARGS que foram afetadas por água ou umidade e já estão recuperadas, dando uma amostra da diversidade e amplitude das coleções e dos trabalhos de restauração em andamento.
- O inconsciente do Museu — Aborda a inundação no interior do térreo do prédio do MARGS, com imagens e vídeos documentais e com produções artísticas que documentam ou têm como cenário esse ambiente, em registros realizados antes e durante a enchente.
- Laboratório de restauração — Compartilha com o público, como parte integrante da exposição e seu percurso, uma amostra dos trabalhos de restabelecimento de obras afetadas realizados por restauradores que atuam no Museu, com demonstrações diante do público dos processos de recuperação.
“Post scriptum” é uma expressão do latim que em português significa literalmente “pós-escrito”. É usada com a abreviação P.S. incluída ao final de cartas e correspondências, como um lembrete ou para destacar informações adicionais. Mas serve também para designar um escrito que se segue à conclusão de um livro, como um acréscimo.
Essa ideia contida em “post scriptum”— daquilo que pode ser dito após, em tempo — empresta sentido a esta exposição temática e memorialista, que reflete o compromisso do MARGS com a memória, aprofundando-o quando o próprio Museu é parte da circunstância histórica e de suas consequências.
Por isso, é também uma iniciativa de reação, concebida para a reabertura do MARGS ainda de modo parcial e no seu momento de recuperação, no momento em que o Museu se restabelece e vem sendo atualizado e repensado, durante as ações de reparo e qualificação que estão em andamento.
Concebida pelo diretor-curador do MARGS, Francisco Dalcol, a exposição “Post scriptum — Um museu como memória” tem envolvimento de todos os setores e equipes do Museu em sua organização, além de colaboradores, artistas e fotógrafos convidados.
FOTÓGRAFOS E ARTISTAS VISUAIS DA EXPOSIÇÃO
Alan Mendonça
Alberto da Veiga Guignard
Alfredo Volpi
Anderson Astor
André Venzon & Igor Sperotto
Andressa Cantergiani
Angelina Agostini
Angelo Guido
Anestor Tavares
Antônio Hélio Cabral
Araken Fortes
Beatriz Balen Susin
Bustamante de Sá
Christina Balbão
Claudia Paim
Dimitri Anagnostopoulos
Dione Veiga Vieira
Dudi Maia Rosa
Edgar Koetz
Eduardo Aigner
Eliseu Visconti
Emanoel Araujo
Ermanno Ducceschi
Erwin Brandt
Estêvão da Fontoura
Fayga Ostrower
Felipe Barbosa
Flávio Cerqueira
Flávio Rocha
Frank Schaeffer
Frantz
Glauco Rodrigues
Guma
Helena Maya D’Avila
Heloisa Schneiders da Silva
Hildegard Freidank
Ilsa Monteiro
Jaci Santos
Jacques Douchez
John Buxton-Knight
José De Curtis
José Sicart
Leandro Selister
Lenir de Miranda
Libindo Ferrás
Lilian Maus
Lucílio de Albuquerque
Marcela Futuro
Marcelo Curia
Maria Lídia Magliani
Marina Camargo
Maristany de Trias
Napoleone Grady
Nelson Jungbluth
Norberto Nicola
Oscar Boeira
Otto Reim
Pedro Weingärtner
Peter Fox
Roberto Cidade
Rodolfo Garcia
Rodolpho Bernardelli
Sansão Pereira
Tadashi Kaminagai
Taís Bruck de Freitas
Tarsila do Amaral
Tiago Gasperin
Tulio Pinto
Wilbur Olmedo
Yara Pina
AÇÕES DE RECUPERAÇÃO
Com esta exposição, o MARGS é reaberto de modo ainda parcial, no momento de seu restabelecimento, durante os trabalhos de reforma e as ações de qualificação que estão em andamento e prosseguirão ao longo de 2025.
O plano de recuperação envolve o restabelecimento dos recursos operacionais e funcionais do prédio, além da restauração de obras do acervo afetadas e da criação de uma nova reserva técnica.
O acervo se encontra acondicionado no interior do prédio, distribuído entre as reservas técnicas dos andares superiores e as salas e espaços expositivos adaptados provisoriamente para a finalidade de guarda e armazenagem, além dos laboratórios de restauração.
Para oferecer melhores condições de segurança e salvaguarda para as obras do acervo, a ampla reserva técnica que está sendo projetada ocupará os andares superiores do prédio, em substituição à antiga reserva localizada no térreo.
Todas as ações de recuperação proporcionarão uma revitalização e qualificação do Museu, atualizando e ampliando a estrutura operacional e os recursos de prevenção e segurança para um novo patamar de preservação do patrimônio artístico, cultural e arquitetônico.
Esse processo também envolve uma reimaginação dos usos dos espaços físicos e da própria operação do Museu, alterando-os e transformando-os, ao longo de um processo de atualizações e mudanças que transcorrerá durante os próximos 2 anos.
SUPORTE
Todas as ações de recuperação estão sendo iniciadas com patrocínio de R$ 5,6 milhões do Banrisul.
Também estão sendo empregados recursos do orçamento da Secretaria de Estado da Cultura — SEDAC, da Defesa Civil da União, de doações recebidas pelo Museu e de iniciativas da Associação de Amigos — AAMARGS.
Os trabalhos envolvem diversas equipes e colaboradores, entre prestadores de serviços e empresas especializadas.
O MARGS também busca patrocinadores para seu Plano de Recuperação através da Lei de Incentivo à Cultura Federal (Lei Rouanet), com o projeto aprovado PRONAC: 247296 — PLANO BIANUAL MARGS 2025-2026.
A INUNDAÇÃO
As ações iniciais de salvaguarda de obras e patrimônio no MARGS envolveram ações preventivas, implementadas antes nas cheias de 2023. As medidas tinham como referência o sistema de contenção contra enchente de Porto Alegre e o parâmetro da cota de 6m para a inundação na região do Cais Mauá.
Com a intensidade das chuvas, a constante subida dos rios e os prognósticos de cheia sem precedentes, uma movimentação de milhares de itens foi realizada entre os dias 02 e 03.05.2024, até a evacuação do prédio já sendo inundado. A enchente alagou a Praça da Alfândega com o Guaíba ao nível de cerca de 4m.
Durante as mais de 3 semanas de inundação da região, o pico da altura da água no interior do térreo do MARGS variou entre 1,50m e 2m, em virtude dos repiques da enchente.
Nesse andar atingido, o MARGS mantinha boa parte da operação interna, com os espaços de seus setores e materiais de trabalho. E também a estrutura operacional do Museu, com computadores, equipamentos e mobiliários, além de partes das instalações elétrica, hidrossanitária, de internet, telefonia, elevador, sistema de climatização, alarme de incêndio e circuito de câmeras. Era ainda o andar do Bistrô do Museu (o restaurante com acesso externo).
No térreo, havia também uma das quatro reservas técnicas do acervo, sendo esta a mais antiga e maior, localizada no interior do antigo espaço de guarda de valores da Delegacia Fiscal, que funcionou no edifício entre as décadas de 1910 a 70.
As outras três reservas técnicas ocupam os andares superiores, tendo sido criadas em anos mais recentes, em um movimento que já ocorria de elevar dentro do prédio os espaços de armazenagem de obras.
Ao final de 2022, o MARGS havia passado por reforma arquitetônica e ganhado pintura e novo sistema de climatização.
RESGATE E SALVAMENTO
As ações preventivas resultaram na movimentação de milhares de obras, em uma operação que seguiu até a evacuação do prédio no momento de sua inundação.
Em virtude do grande volume de água que se acumulou na Praça da Alfândega, no entanto, cerca de 4 mil itens do acervo foram de algum modo afetados por exposição à água e à umidade prolongada durante a enchente, a maior parte do segmento em papel, entre gravuras, fotografias e desenhos.
Nos dias que se seguiram à inundação e com o térreo do MARGS ainda tomado por água, foi iniciada uma nova operação, relacionada ao resgate, salvamento e recuperação de obras e documentação.
Os trabalhos têm coordenação de Isis Fófano Gama, conservadora e restauradora do Departamento de Conservação e Memória do Patrimônio Cultural do Complexo do Palácio Piratini, com supervisão e atuação de Naida Corrêa, restauradora e conservadora que atuou por 24 anos no MARGS.
A equipe foi formada pelo corpo técnico do MARGS, do Palácio e de instituições da Sedac através do Departamento de Memória e Patrimônio (DMP), do Sistema Estadual de Museus (SEM) e do Museu de Arte Contemporânea do RS (MACRS).
Os trabalhos envolvem ainda diversos especialistas e colaboradores, entre professores e alunos dos cursos de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis (UFPel) e de Museologia (UFRGS), além de suporte e acompanhamento da UNESCO e da Associação para a Preservação do Patrimônio das Américas (APOYOnline).
AGRADECIMENTOS
Leilões e ações beneficentes
À Tina Zappoli, da galeria homônima, pela campanha beneficente “Cena muda”, com vendas de obras doadas por artistas.
À Niura Borges, da Galeria Mamute, pela ação “Margs urgente: corpo e alma”, realizada em São Paulo, que envolveu exposição curada por Angélica de Moraes com 90 obras doadas por artistas para leilão beneficente.
À Adriana Ferla, pela ação desde São Paulo com vendas de obras doadas por integrantes do curso “Pintura: Prática e Reflexão”, do pintor Paulo Pasta.
A todos artistas que participaram.
Doadores
Aos doadores, amigos do Museu e associados da AAMARGS que colaboraram com doações.
Instituições e parceiros
Associação para a Preservação do Patrimônio das Américas (APOYOnline)
Curso de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis (UFPel)
Curso de Museologia (UFRGS)
Departamento de Conservação e Memória do Patrimônio Cultural do Complexo do Palácio Piratini
Departamento Estadual de Memória e Patrimônio
Fundação Iberê Camargo
Grupo Sépia (UFRGS)
Museu de Arte Contemporânea do RS
Museu Julio de Castilhos
Museu do Trabalho
Sistema Estadual de Museus
UNESCO
SERVIÇO
“Post scriptum — Um museu como memória”
Exposição de reabertura do MARGS
Quando: inauguração no dia 06.12.2024, a partir das 15h. A exposição permanece em exibição até 09.03.2025
Onde: 1º andar expositivo. O MARGS se localiza na Praça da Alfândega, s/n°, Centro Histórico de Porto Alegre, RS — Brasil — 90010-150
Visitação: terça-feira a domingo, das 10h às 19h (último acesso 18h), com entrada gratuita. Visitas mediadas para escolas e grupos devem ser agendadas pelo email educativo@margs.rs.gov.br