MARGS e Fundação Iberê no Dia Estadual do Patrimônio Cultural 2024

O Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS — Sedac, e a Fundação Iberê anunciam programação especial a ser realizada como parte da 6ª edição do Dia Estadual do Patrimônio Cultural, uma promoção da Sedac e do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul — Iphae, que conta com ações ao longo do mês de agosto, em todo o Rio Grande do Sul, voltadas ao reconhecimento, à sensibilização, à valorização e à preservação do patrimônio cultural. 

No dia 17.08.2024 serão realizadas 2 visitas dialogadas na Fundação Iberê, conduzidas por Eduardo Haesbaert, Francisco Dalcol e Gustavo Possamai. As visitas são gratuitas e se darão nas exposições “Iberê Camargo: Eclipses”, “Carmela Gross – BOCA DO INFERNO” e “Iberê e o MARGS: trajetórias e encontros”.  

Especialmente para a ocasião, haverá transporte gratuito para os participantes, sendo necessário se inscrever previamente via formulário (clique aqui).  Serão disponibilizados 2 horários distintos de ônibus com saída no MARGS, na Praça da Alfândega, e deslocamento até a Fundação Iberê, na Avenida Padre Cacique:

> Saída do MARGS às 14h. Saída da Fundação Iberê às 15h30, com retorno ao MARGS.
> Saída do MARGS às 16h. Saída da Fundação Iberê às 17h30, com retorno ao MARGS.

Tendo em vista o trajeto sugerido pelo arquiteto da sede da Fundação Iberê, Álvaro Siza, as visitas dialogadas se iniciarão no 4º e 3º andares, pelas exposições “Iberê Camargo: Eclipses” e “Carmela Gross – BOCA DO INFERNO”, sendo conduzidas por Eduardo Haesbaert, coordenador do Ateliê de Gravura da Fundação Iberê e antigo assistente de Iberê Camargo.

Na sequência, no 2º andar da Fundação, as visitas terão continuidade na exposição “Iberê e o MARGS: trajetórias e encontros”, mediadas pelos curadores Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, e Gustavo Possamai, responsável pelo Acervo da Fundação Iberê. Serão abordados aspectos curatoriais e as pesquisas históricas, desenvolvidas em conjunto entre as equipes do MARGS e da Fundação Iberê, resultando na extensa cronologia para a exposição e seu catálogo. 

A atividade terminará no átrio da Fundação, com os participantes conferindo a abertura do Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre (FestFoto), que estará ocorrendo neste mesmo dia na Fundação Iberê.

Repetindo a ação “Passaporte Dia do Patrimônio” do ano passado, a Sedac distribuirá passaportes aos participantes das atividades vinculadas à 6ª edição do Dia Estadual do Patrimônio Cultural. Cada visita em alguma instituição integrante da programação garantirá um carimbo. Assim, os inscritos nas visitas dialogadas receberão seu passaporte, no qual terão o registro de sua participação na atividade. No dia 18 de agosto, serão distribuídos brindes conforme a quantia de carimbos e locais visitados. 

Neste momento, o MARGS segue temporariamente fechado para o público, ainda sem previsão de reabertura para visitação, em razão dos trabalhos internos de reforma e restabelecimento da estrutura funcional e operacional do prédio. 

E a Fundação Iberê está homenageando os 70 anos do Museu apresentando a exposição “Iberê e o MARGS: trajetórias e encontros”.

Todas as ações de recuperação do Museu estão sendo iniciadas com patrocínio de R$ 5,6 milhões do Banrisul, juntamente a recursos do orçamento da Sedac, doações recebidas pelo Museu e iniciativas da Associação de Amigos — AAMARGS. Os trabalhos envolvem diversas equipes e colaboradores, assim como parceiros e doadores. O MARGS também busca patrocinadores pela Lei de Incentivo à Cultura Federal (Lei Rouanet).

 

AS EXPOSIÇÕES DAS VISITAS DIALOGADAS

Iberê Camargo: Eclipses

Em diálogo com a exposição “Paulo Pasta: Para que serve uma pintura?”, que esteve em cartaz na Fundação Iberê até 28.07.2024, Paulo Pasta selecionou dezenove obras de Iberê Camargo, algumas  de grandes dimensões, em que o curador percebe cores crepusculares na produção do pintor. Nas palavras do artista:

“Também penso as cores de Iberê como sendo crepusculares. Elas nos remeteriam a uma escuridão primordial, mesmo porque, na sua prática, o pintor anoitecia as cores, criando uma espécie de blackout. Só assim, talvez, ele poderia terminar uma pintura e se reconhecer nela. Possivelmente, a melhor metáfora, para mim, sobre as cores de Iberê, seja a do eclipse. Para além do aspecto noturno de seus trabalhos, a luz construída por ele parece não iluminar, não aquecer, mais ou menos como a sugestão de um sol que foi fechado. A palavra eclipse vem do grego, que significa despedida, abandono. A experiência com as cores de Iberê, para mim, obedeceria a esse mesmo conteúdo poético. Nelas, no seu sentido de não cor, somos desertados da luz solar, apesar de toda a intensidade reinante.”

Pasta conheceu Iberê no início da década de 1990, em um workshop com artistas consagrados, no Centro Cultural São Paulo. A partir daí, começaram a trocar cartas e telefonemas. Para Pasta, aquele encontro foi a confirmação de sua vocação, a prova da existência da pintura, e do pintor. 

 

Carmella Gross – BOCA DO INFERNO

Entre 2017 e 2018, a artista Carmela Gross colecionou diversas fotos de vulcões publicadas em jornais e livros. A partir dessas imagens, ela desenvolveu a visualidade de cada uma, utilizando operações digitais para ampliar, recortar e simplificar suas formas em manchas compactas em preto e branco. Isso serviu de base para um exercício diário de reprodução dessa visualidade por meio de desenhos a nanquim e lápis sobre papel. Com esses esboços em mãos, em 2019, Carmela escolheu o Ateliê de Gravura da Fundação Iberê para uma imersão nos processos gráficos da monotipia, com a colaboração do artista e impressor Eduardo Haesbaert.

Esse conjunto de monotipias, reunidas sob o título BOCA DO INFERNO, foi exposto no segundo semestre de 2021 na 34ª Bienal Internacional de São Paulo. Agora, em sua primeira exposição individual na Fundação Iberê, Carmela Gross apresenta integralmente as monotipias de BOCA DO INFERNO. A obra evoca o desabafo e a crítica social feroz do poeta baiano Gregório de Matos, conhecido como “Boca do Inferno”, no século XVII. BOCA DO INFERNO representa o produto de um processo poético de apreensão e elaboração, remetendo às ideias de vulcão, explosão e impacto, gerando uma verdadeira erupção visual.

 

Iberê e o MARGS: trajetórias e encontros

Esta exposição, com curadoria de Francisco Dalcol e Gustavo Possamai, foi concebida por ocasião dos 70 anos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), fundado em 27 de julho de 1954. Ela aborda a longeva relação entre Iberê Camargo (1914-1994) e o Museu, destacando também a parceria entre ambas as instituições.

Iberê participa da exposição de estreia do MARGS, em 1955, ocasião em que teve obras suas adquiridas para o acervo do Museu. Nas décadas seguintes, ele ganharia mostras individuais, um livro monográfico, participaria de inúmeras exposições coletivas e ministraria cursos. Teria também o ingresso de outras obras suas no acervo por meio de compra, transferência e doação, além de um espaço de guarda de parte de seu arquivo pessoal, o qual destinou à instituição em 1984. Foi também no MARGS que ocorreu sua despedida, com o velório público, que teve lugar nas Pinacotecas, o espaço mais nobre e solene do Museu.

Vem desse longevo e profundo histórico de relação o título desta exposição, inspirado em um dos mais importantes eventos no MARGS relacionados ao artista: a mostra Iberê Camargo: trajetória e encontros. Realizada em cooperação com a Funarte em 1985, cumpriria itinerância pelo Museu de Arte de São Paulo (MASP), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Galeria do Teatro Nacional de Brasília, celebrando Iberê como o maior pintor vivo do Brasil. Ela se deu no lastro das comemorações de seus 70 anos, que incluíram uma retrospectiva apresentada pelo próprio MARGS em 1984 e o lançamento do livro Iberê Camargo em 1985, considerado, ainda hoje, uma das mais completas publicações de referência sobre o artista.

Entre a preparação desta exposição e sua abertura, o Rio Grande do Sul foi vítima do maior desastre natural de sua história. Uma tragédia resultante da devastação de grande parte do Estado, cuja enchente em Porto Alegre atingiu o andar térreo do MARGS, momentos antes do resgate e salvamento de obras do seu acervo, entre as quais as de Iberê aqui apresentadas.

Iberê e o MARGS: trajetórias e encontros parte exatamente deste conjunto de obras, composto por seis pinturas e um guache, recentemente incorporado ao acervo. Essas obras são apresentadas em diálogo com outras pertencentes à Fundação Iberê – a maioria delas exibidas pela primeira vez –, juntamente com fotografias do artista, de modo a oferecer um percurso em segmentos, identificados conforme os textos que as acompanham.

Além de trazer novos sentidos a esta exposição, o trágico contexto do Rio Grande do Sul ressoa no posicionamento público de Iberê, ligado à urgência de uma “consciência ecológica”. É pelo olhar dele que podemos renovar o apelo, em nome das instituições de memória e enquanto sociedade, a um compromisso definitivo com a preservação da arte e do meio ambiente.

 

SERVIÇO

Programação Dia Estadual do Patrimônio Cultural
MARGS e Fundação Iberê organizam visitas dialogadas

Quando: 17.08.2024

> Saída do MARGS às 14h. Saída da Fundação Iberê às 15h30, com retorno ao MARGS.

> Saída do MARGS às 16h. Saída da Fundação Iberê às 17h30, com retorno ao MARGS.

Onde:  

MARGS (Praça da Alfândega, s/n°, Centro Histórico — Porto Alegre, RS)

Fundação Iberê (Av. Padre Cacique, 2000 – Cristal, Porto Alegre – RS, 90810-240)

Formulário de inscrição para o transporte: https://forms.gle/tab4dGjrBXeFvYQT6

Apoio e Realização