No dia 29 de outubro, ocorre o quarto encontro do ciclo de palestras “Arredores da imagem: zona de investigações poéticas”, cuja programação deste ano tem lugar no MARGS. Participam da conversa as professoras Paola Zordan (IA/PPGEDU/UFRGS) e Sandra Mara Corazza (PPGEDU/UFRGS). O evento ocorre no auditório do MARGS, a partir das 17h, com entrada gratuita.
Desde julho, participaram das atividades anteriores o escritor e jornalista Juremir Machado da Silva, a artista Vera Chaves Barcellos e o jornalista cultural Roger Lerina. Até dezembro, o ciclo de palestras vai trazer ao MARGS nomes de personalidades de destaque do cenário cultural, para conversar com o público em encontros mensais, às terças-feiras, sobre temas relacionados à imagem. A entrada é gratuita, e os espaços serão preenchidos por ordem de chegada. Entre os próximos convidados, estão Anelise de Carli, Edson Luiz André de Sousa, Claudio Levitan e Vanessa Silla (veja programação completa abaixo).
SOBRE O EVENTO
“Arredores da imagem: zona de investigações poéticas” é uma ação de extensão vinculada à FACED/UFRGS, com coordenação do professor e pesquisador Cristiano Bedin da Costa (DEC/FACED/UFRGS). Configura-se como um espaço de circulação e compartilhamento de investigações transdisciplinares em torno da noção de imagem e de suas multiplicidades teóricas e existenciais.
O vínculo entre universidade e museu é, assim, parte de uma triangulação plástica na qual o terceiro vértice é tão variável quanto decisivo: indagar, desde as artes, da literatura e da filosofia, o estatuto da imagem enquanto potência significante, é também recolher traços com vistas à composição de visibilidades outras para as diferentes práticas com as quais arquitetamos a nossa contemporaneidade. Um modo de viver junto entre-Vistas.
Entre proposições teóricas e procedimentos criadores vinculados às artes, à literatura e à filosofia, a proposta é estudar o estatuto da imagem na contemporaneidade, tendo-a como intercessora do pensamento em educação. O objetivo é estudar e discutir, desde diferentes campos de criação e respectivas proposições experimentais e conceituais, os modos através dos quais a imagem, em sua dimensão poética, pode se configurar como um intercessor para o pensamento em educação.
ARGUMENTO GERAL
Em Educação, questionar a imagem é antes alinhar-se à contemporaneidade em suas urgências. Frente à múltipla proliferação de imagens que caracteriza o nosso tempo, voltamo-nos a Italo Calvino e a defesa de uma pedagogia da imaginação enquanto exercício de um pensar por imagens, ou seja, uma pedagogia capaz de pôr em foco visões de olhos fechados, aptas a se inscreverem no real por meio de visibilidades inéditas: de currículo, de didática, de aula, de vida. Desse modo, indagar, desde as artes, a filosofia e a literatura, o estatuto da imagem enquanto potência significante, é também recolher traços para a composição de realidades outras para as práticas de pesquisa e docência, vinculando-as assim ao exercício de pensamento enquanto criação de novos sentidos. Nos arredores da imagem, talvez seja possível pensar em um conhecimento e em uma aprendizagem capazes de se configurar enquanto testemunhos não de uma Verdade, mas sim de um gesto poético.
ARREDORES DA IMAGEM – PROGRAMAÇÃO 2019
> 16/07/19: Juremir Machado da Silva
> 06/08/19: Vera Chaves Barcellos
> 17/09/19: Roger Lerina
> 29/10/19: Sandra Mara Corazza e Paola Zordan
> 26/11/19: Anelise de Carli e Edson Luiz André de Sousa
> 10/12/19: Claudio Levitan e Vanessa Silla
> Peça teatral El juego de Antonia, com Luciana Paz e Sergio Lulkin (horário e local a definir).
Todos os encontros são gratuitos e abertos à comunidade.
Informações: autonomaz@ufrgs.br
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ATIVIDADE DO DIA 29.10
“Teia, Deleuze e línguas de escrita”
O amigo da imagem e suas línguas de escrita (pensar a educação com Deleuze: uma questão de imagem) – Com Sandra Corazza
Uma pesquisa da imagem do pensamento em educação é concebível? Há várias tábuas e uma trama de imagens a conhecer. Essa é a questão da noologia. Tentar dizer com imagens e sair da narratividade; fragmentar os protagonistas e extrair procedimentos; criar novos desenhos, visualidades, falas, biografemáticas, sem-sentidos, que apresentam problemas. Recorte e colagem de elementos díspares. Na prática, um uso do discurso indireto livre. Artificio do intervalo, do hiato, em direção ao método de criação do entre-imagens. Experiência de disjunção inclusiva. Importa não lidar com as imagens no plano da significância; não fazer uma hermenêutica; não produzir uma massa interpretativa. Seria um exagero afirmar que tudo é imagem? Os pesquisadores são centros de indeterminação, que funcionam como obstáculos: para refletir o visível e o enunciável, produzindo imagens. Imagens de pensamento, que rebotam como bumerangues, para criar. Pesquisar é seleção, ação de retirada, delimitação, subtração, sonho, alucinação, embriaguez, dobramento do universo. As imagens são os seres vivos da pesquisa; enquanto os seus dinamismos espaço-temporais são condições de possibilidades para a criação. Se o pesquisador de imagens é um mostrador de vidências, o mundo informe da pesquisa é plástico. Já o tempo da pesquisa é transcendental; pois, não muda; porém, muda tudo o que faz aparecer. Apreensão sensível e corte imóvel na duração, que possibilitam a diferenciação. A noologia pode nos levar a pesquisar em educação: não mais representando, mas engendrando e percorrendo; não descobrindo as formas, mas procurando singularidades; não contemplando, mas nos arrastando no fluxo turbilhonar da aula, da didática e do currículo. O que costuma produzir a pesquisa régia? Dogmatização, representação, recognição. De qualquer modo, tudo aquilo que produzimos vira clichê. A clicheria parece ser a fatalidade humana, demasiadamente humana. Só que o clichê pode ser uma via para o não-clichê. Entre a forma e o informe, o encontro: novas direções de percepção; novos poros; novas sensibilidades. A noologia faz pensar: pensar imagens. Imaginarizar é questão de pesquisa. O ato de criar diferencia imagens na pesquisa. Pesquisa educacional como arte de selecionar, organizar e inventar imagens. O pesquisador-Vidente torna-se Amigo da Imagem. Alguém que define que a sua pesquisa intervém, na docência e na pesquisa; e cria, ela própria, didáticas, currículos e aulas possíveis. Como pesquisadores-professores, sejamos dignos dessas imagens.
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Sem contar: uma micropolítica gaia educativa e sua teia – Com Paola Zordan
Interativa, penetrável, Teia, em andamento desde 1993, é um dispositivo de sensações que movimenta uma série de outras obras, costurando trabalhos artísticos que partilham de concepções relacionais. Junto ao enlaçar dos pontos, nunca contados, o objeto maleável promove fusões entre participantes de encontros em que se pensa o fazer artístico, a criação de superfícies irregulares e os desdobramentos pedagógicos. Sua feitura em crochê, com linhas pretas variáveis, se instala nos espaços de trabalhos educativos ou acadêmicos, intervindo em conferências e palestras, ocupando saguão de eventos, ruas, jardins, instituições culturais e muitas salas de aula. Micropolítica nas bordas do sistema, o projeto afirma uma educação gaia, alegre.
SOBRE AS PARTICIPANTES
Paola Zordan é artista visual, professora do Departamento de Artes Visuais e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Líder do grupo de pesquisa ARCOE, Arte, Corpo e EnSigno (CNPq), articula o M.A.L.H. A., Movimento Apaixonando pela Liberação de Humores Artísticos, criando intervenções e performances em espaços públicos e institucionais. Trabalha com escultura social, poéticas e micropolíticas. Doutora e Mestre em Educação pela UFRGS, membro da Linha de Pesquisa Filosofia da Diferença e Educação, desenvolve temas entre historiografia da arte, formação de professores e esquizoanálise. Licenciada em Educação Artística, bacharel em Desenho, foi professora de artes em escolas básicas da rede de ensino em Porto Alegre.
Sandra Corazza é licenciada em Filosofia, Mestre e Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Professora Titular da Faculdade de Educação, Departamento de Ensino e Currículo e Programa de Pós-Graduação em Educação. Aposentada desde abril de 2019, atua como Professora Convidada no PPGEDU, Linha de Pesquisa 09 – Filosofias da Diferença em Educação. Pesquisadora de Produtividade 1 B do CNPq (2002-), é Líder dos Grupos de Pesquisa, Diretório do CNPq/Lattes: 1) DIF – Artistagens, Fabulações, Variações (2002 -); 2) Rede de Pesquisa Escrileituras da Diferença em Filosofia-Educação (2015 -). Experimenta escrileituras (escritas-e-leituras) oníricas e poéticas, para a-traduzir a Aula: preparada no Currículo, conjurada na Didática, lutada na Docência.
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SERVIÇO
Ciclo de palestras “Arredores da imagem”
Convidadas: Paola Zordan e Sandra Corazza
Data: 29.10.2019, às 17h
Local: Auditório do MARGS
Capacidade: 60 lugares (preenchidos por ordem de chegada) Entrada Franca
O MARGS funciona de terças a domingos, das 10h às 19h, sempre com entrada gratuita. Visitas mediadas podem ser agendadas no e-mail educativo@margs.rs.gov.br