“A jovem de vermelho”, releitura de Maurício de Souza da obra do acervo do MARGS, em óleo sobre tela, “A dama de Branco”, de Arthur Timótheo da Costa (1882–1922).
A pintura “A dama de branco” (1906) é um das mais conhecidas e queridas obras do acervo artístico do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS). De autoria do artista carioca Arthur Timótheo da Costa (1882–1922), o óleo sobre tela chama atenção pelo tratamento realista do retrato de uma mulher vestida de branco, reforçado pela sua execução em amplas dimensões (191,8 x 95,5cm).
Pois agora a afamada obra do MARGS está em destaque nacional: enquanto é tema de releitura por Maurício de Sousa em exposição sobre a “Turma da Mônica” em São Paulo, “A dama de branco” está em exibição no Rio de Janeiro em um importante museu do Brasil.
Em cartaz até 15 de dezembro, no Centro Cultural Fiesp, em São Paulo, a exposição “Olá, Maurício” homenageia os 60 anos das história e dos personagens da “Turma da Mônica, criados por Maurício de Sousa exatamente em 1959. Entre os destaques da mostra estão releituras de obras de arte, sendo uma delas “A dama de branco”, do MARGS.
Na versão de Maurício de Sousa, a dama é retratada tendo como modelo a Mônica Jovem, elegantemente trajada de vermelho, com um quadro de Cebolinha ao fundo, sob o título “A jovem de vermelho”, em acrílico sobre tela (130 x 64,5cm). A releitura integra a coleção “História em Quadrões”, que leva aos leitores e fãs da “Turma da Mônica” versões de importantes obras de arte, com o objetivo de disseminar a popularização da história da arte para as crianças e os jovens por meio das histórias em quadrinhos.
Paralelamente à exposição em São Paulo com a releitura de “A dama de branco”, a pintura original do MARGS pode ser vista no momento no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio de Janeiro. A obra foi emprestada temporariamente para integrar a exposição “Entre o acervo e o estúdio”, que a artista gaúcha Marilice Corona apresenta até 1 de dezembro no MNBA.
Além de “A dama de branco”, outras 3 obras do MARGS integram a exposição: “Interior” (s.d.), de Edson Motta, “Inca” (s.d.), de Fernando Corona, e “Em jogo – Retrato de Tatiana” (2015), da própria Marilice Corona.
Na mostra “Entre o acervo e o estúdio”, que estreou em 2017 no MARGS, a artista apresenta pinturas de sua autoria, dialogando com obras históricas pertencentes ao acervo do museu. Agora, para a versão da exposição no MNBA, Marilice agregou ao projeto obras do acervo do museu.
Para o diretor-curador do MARGS, Francisco Dalcol, ambas as iniciativas em torno de “A dama de branco” são importantes por divulgarem o museu e seu acervo em âmbito nacional e também internacional, tendo em conta os públicos que circulam pelo Rio de Janeiro e os leitores dos gibis, que são traduzidos para outros idiomas.
“‘A dama de branco’ é certamente uma das obras mais queridas e lembradas do MARGS. É também uma obra bastante requisitada por outras instituições e museus. No começo deste ano, por exemplo, estava em exibição na Pinacoteca de São Paulo. Esses empréstimos temporários, que são realizados em acordo a regras e procedimentos museológicos que garantem a integridade das obras durante o transporte e a exibição, são comuns e muito importantes, seja por demonstrarem a cooperação entre as instituições de arte e museológicas seja por permitirem com que o MARGS acesse outros públicos, difundindo e divulgando-se para além de sua própria sede física”, comenta o diretor-curador do MARGS.
Sobre a obra “A dama de branco”, Francisco Dalcol explica que se trata de um importante exemplar de um momento da história da arte brasileira, atraindo hoje um atualizado interesse relacionado a temas e discussões do presente.
“A chave naturalista e mesmo realista da abordagem do retrato da mulher de branco por Timótheo da Costa caracteriza a sua pintura como uma representante da chamada arte acadêmica brasileira que vigora entre os séculos 19 e começo do século 20, antes da introdução mais efetiva dos valores e das inovações das linguagens artísticas modernas, que irão questionar regras, padrões, modelos e convenções no tratamento das formas e na representação dos temas conforme os preceitos acadêmicos. Além disso, atualmente “A dama de branco” tem gerado um interesse renovado dentro de uma perspectiva crítica da história da arte, que coloca em questão o caráter colonizado que marca o início da nossa tradição artística. No caso de ‘A dama de branco’, o emprego dos padrões artísticos europeus na execução do retrato tem sido pensado também à luz da problematização de um aspecto até então pouco abordado ou mesmo considerado, e o qual já trabalhamos neste ano ao colocar a obra em exposição no MARGS no primeiro semestre: o fato de que Timótheo da Costa era um artista negro, que pinta uma dama de branco orientado pelos modelos da pintura acadêmica europeia, em conformidade aos preceitos artísticos implantados pelos nossos colonizadores e que marcam a produção artística do Brasil no século 19 e no começo do século 20. Muito mais do que uma curiosidade, perceber o que há de implicação nesse reconhecimento permite atualizar as chaves de leitura e compreensão de ‘A dama de branco’ no contexto de discussões revisionistas e reparatórias quanto a questões de raça e de representação e representatividade dos negros na história da arte brasileira. Ou melhor: de suas ausências e silenciamentos ao longo das narrativas oficiais e vigentes da história da arte que herdamos, e as quais hoje temos como dever problematizar”, comenta Dalcol.
SERVIÇO
Exposição “Olá, Mauricio!”
Curadoria de Jacqueline Mouradian
Local: Espaço de Exposições do Centro Cultural Fiesp
Período: 17 de julho a 15 de dezembro de 2019
Visitação: terça a sábado, das 10h às 22h, e domingos, das 10h às 20h
Endereço: Avenida Paulista, 1313 (em frente à estação Trianon-Masp do Metrô)
Classificação indicativa: livre
Agendamentos escolares e de grupos: ccfagendamentos@sesisp.org.br
Entrada gratuita.
Exposição “Entre o acervo e o estúdio”, de Marilice Corona
Local: Museu Nacional de Belas Artes
Período: 1 de setembro até 1 de dezembro de 2019
Visitação: de terça a sexta, das 10h às 18h, sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h
Endereço: Avenida Rio Branco, 199 – Cinelândia, Rio de Janeiro
Entrada: R$ 8 (inteira) | R$ 4 (meia) | Família (para até quatro membros de uma mesma família): R$ 8.
Venda de ingressos e entrada de visitantes até 30 minutos antes do fechamento do museu. Entrada gratuita aos domingos
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