O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS (Sedac), apresenta a partir de 08.10.2019 uma nova versão da exposição de longa duração “Acervo em movimento”.
A proposta do projeto curatorial é que equipes do Museu se encarreguem de propor substituições de obras em exposição, com o objetivo de propor novas relações, conexões, discussões e experiências frente ao conjunto dos trabalhos expostos.
Atualmente em exibição na sala Aldo Locatelli, “Acervo em movimento” é uma mostra de longa duração voltada à exibição pública do acervo do MARGS, por meio de um modelo de rotatividade de obras da coleção do Museu, com substituições que se alteram marcando distintos períodos expositivos.
Nesta mais recente “virada”, foram introduzidas obras de artistas atuantes no Espaço N.O. (1979-1982) pertencentes ao acervo do museu. Com essa estratégia, a atual configuração de “Acervo em movimento” dialoga e se interliga à exposição “Espaço N.O. – Arquivos de uma experiência coletiva”, aberta dia 09.10.2019, na galeria Iberê Camargo, no segundo andar do MARGS, permanecendo em exibição até 15.12.2019.
Os artistas que participam da atual configuração de “Acervo em Movimento” são: Carlos Wladimirsky (Porto Alegre/RS, 1957); Heloisa Schneiders da Silva (Porto Alegre/RS, 1955 – 2005); Karin Lambrecht (Porto Alegre/RS, 1957); Mário Alberto Birnfeld Röhnelt (Pelotas/RS, 1950 – Porto Alegre, 2018); Rogério Nazari (Araranguá/SC, 1951); Simone Michelin (Bento Gonçalves/RS, 1956); Telmo Lanes (Porto Alegre/RS, 1955); Vera Guerra Chaves Barcellos (Porto Alegre/RS, 1938).
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Imagem: (a partir da esq.), obras de Vera Chaves Barcellos, Telmo Lannes e Mario Röhnelt.
Dados das obras da foto (a partir da esq.):
Vera Chav犀利士
es Barcellos
Porto Alegre/RS, 1938
Cadernos para colorir II: o jardim, 1987
Xerografia, 50 x 70 (34 x 49.2) cm
Aquisição por doação da artista, 1989
Telmo Lanes
Porto Alegre/RS, 1955
Série Modado: Camisa dupla, 1976
Objeto em tecido, 75 x 60 cm
Aquisição por doação do artista, 1978
Mário Röhnelt
Pelotas/RS, 1950 – Porto Alegre, 2018
Sem título III, 1980/1981
Tinta acrílica, nanquim e grafite, 50 x 65 cm
Aquisição por doação do artista, 1981
Mário Röhnelt
Pelotas/RS, 1950 — Porto Alegre, 2018
Sem título II, 1980/1981
Tinta acrílica, nanquim e grafite, 49 x 65.5 (43.5 x 59.5) cm
Aquisição por doação do artista, 1981
Mário Röhnelt
Pelotas/RS, 1950 – Porto Alegre, 2018
Sem título I, 1980/ 1981
Acrílica, nanquim e grafite sobre papel, 46 x 62 (43 x 58.5) cm
Aquisição através do Prêmio Aquisição da Secretaria de Cultura, Desporto e Turismo, 1981
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Leia mais sobre a exposição “Espaço N.O. – Arquivos de uma experiência coletiva”:
https://www.facebook.com/events/399715827360283/
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TEXTO CURATORIAL
O Acervo Artístico do MARGS guarda mais de 5.600 obras de arte do século 19 à atualidade, de artistas brasileiros e estrangeiros. Abrange, assim, desde produções regidas pelos modelos acadêmicos, passando pelas rupturas das manifestações dos modernismos em diferentes geografias, até chegar à pluralidade dos desdobramentos operados pelas práticas artísticas contemporâneas.
“Acervo em movimento” é um programa expositivo concebido em 2019 para trazer a público esse rico e diversificado acervo, por meio de uma exposição de longa duração que se vale da estratégia de rotatividade do que está exposto.
Assim, obras entram e saem da exposição com o objetivo de manter uma renovação frequente e constante do conjunto em exibição.
As alterações se dão segundo escolhas propostas pela curadoria do Museu e em colaboração com as equipes, que exercitam de modo compartilhado e transversal um mesmo método de organização de uma mostra dedicada a exibir o acervo.
Para que o público acompanhe a dinâmica de substituições das obras, bem como as configurações assumidas pela exposição em suas diferentes fases e momentos, a data de entrada de cada trabalho consta informada em sua etiqueta.
Fundamentado por noções de dispositivo, montagem e display, o modelo de exposição recombinante adotado por “Acervo em movimento” lança mão de um processo curatorial de caráter experimental.
Cada mudança — em parte ou no todo da mostra — opera o que passamos a denominar como “nova virada da exposição”, sendo sempre concebida como uma resposta à configuração anterior, e por vezes até às outras exposições no mesmo momento em exibição no Museu, estabelecendo diálogos com as demais salas e galerias.
Com a estratégia de rotatividade das obras expostas, as substituições geram recombinações que procuram propor novas relações e chaves de compreensão, oferecendo ao público uma exposição sempre viva e dinâmica, que aposta mais na experiência da descoberta do que na orientação do discurso.
O interesse é sondar as provisórias relações de vizinhança estabelecidas entre as obras, assim como as tensões das partes com o todo, propondo desdobramentos que intensificam e multiplicam as formas de ver, sentir e reagir.
Parte-se do entendimento de que obras de arte não “falam” apenas por si mesmas, uma vez que seus sentidos são também efeito do que podem produzir no interior dos territórios relacionais e narrativos que uma exposição é capaz de colocar em causa.
Assim, esta exposição pergunta ao visitante: quais podem ser as relações entre trabalhos distintos e de diferentes épocas, contextos e linguagens?
O convite é que o público constitua os seus caminhos interpretativos, estabelecendo os seus próprios encontros, relações e conexões, os quais sempre envolvem o que já sabemos, a expectativa do que ainda não vislumbramos e o estranhamento transformador da experiência inesperada e arrebatadora.
Ao abrir mão de agrupamentos segundo roteiros lineares e predeterminados por categorias e convenções como técnica, suporte e tipologia, assim como por recortes geográficos de origem e pertencimento, “Acervo em movimento” se alinha às discussões que reavaliam o processo histórico da modernidade artística em sua noção de desenvolvimento cronológico, evolutivo e sucessivo.
Assim, procura-se oferecer um exame crítico de hierarquias, assimetrias e leituras consensuais que reiterariam a construção de um cânone entre as obras do acervo do MARGS, cujo caráter excludente é aqui reavaliado à luz de questões contemporâneas em favor da exigência de maior compromisso com pluralidade, diversidade, inclusão e representatividade.
Em sua proposição, “Acervo em movimento” busca mobilizar questões prementes que orientam a visão curatorial e linha de atuação da direção artística do MARGS, como a necessidade de se descolonizar narrativas hegemônicas, dessacralizar a retórica dos discursos canônicos, tensionar hierarquias dominantes e explicitar as presenças e ausências em acervos e exposições.
Como programa expositivo que marcou a estreia da gestão 2019-2022 do MARGS, “Acervo em movimento” é um programa de caráter permanente que integra a política institucional de aquisições e divulgação do acervo do Museu, instituído com o objetivo de explorar estratégias de abordagem de sua exibição por meio de processos curatoriais voltados à experimentação de estratégias expositivas.
Francisco Dalcol
Diretor-curador do MARGS
Doutor em Teoria, Crítica e História da Arte
SERVIÇO
Acervo em Movimento – um experimento de curadoria compartilhada entre as equipes do MARGS
Curadoria: Fernanda Medeiros e Francisco Dalcol
Nova configuração: 08.10.2019 (Exposição permanente)
Local: Galeria Aldo Locatelli do MARGS
Entrada Franca
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