Artista Andressa Cantergiani realiza investigação em performance no contexto e cenário do MARGS em reformas. Assista em vídeo à live sobre o projeto

Felina

Durante o período em que o Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS se encontra em reformas, a artista Andressa Cantergiani desenvolve uma pesquisa de investigação artística em performance no contexto e cenário da instituição fechada a público.

Intitulado “Felina”, o projeto integra o programa do MARGS “Poéticas do agora”, dedicado a artistas cuja produção recente tem se mostrado promissora e relevante no campo artístico contemporâneo.

Com acompanhamento crítico do curador Bernardo José de Souza, a pesquisa de Andressa Cantergiani se inspira na história dos gatos que teriam salvo o Hermitage — o maior museu da Rússia — da ameaça do ataque de ratos, em 1745. À época, a imperatriz Isabel Petrovna emitiu um decreto para que felinos fossem deixados no museu à noite para proteção das obras de arte do acervo e das galerias.

Na criação e desenvolvimento de microperformances no ambiente em reformas do MARGS — que acabam também por registrar este momento histórico do Museu —, a artista está realizando vídeos, fotografias, gifs e convertendo objetos, sobretudo de descarte, em elementos de instalação artística.

Como parte do programa público do MARGS, na próxima terça-feira (20.04), às 18h, será realizada uma live que trará a público o projeto, reunindo a artista Andressa Cantergiani e o curador Bernardo José de Souza para uma conversa aberta apresentada por Francisco Dalcol, diretor-curador do MARGS, no canal do Museu do YouTube (https://youtu.be/y–PPxZnrps), com tradução simultânea em Libras. Ao mesmo tempo, conteúdos sobre a ação artística de Andressa Cantergiani serão compartilhados nas redes sociais do MARGS (Facebook e Instagram).

ASSISTA ONLINE (clique na imagem abaixo):

[youtube]https://www.youtube.com/watch?v=y–PPxZnrps&t=1867s[/youtube]

 

“Felina” nasce de um impulso animista e performativo em reação ao aviso “o museu está em obras”, o qual leva a artista a especular sobre os processos de transformação político-estrutural que as instituições de arte vêm atravessando em tempos recentes, sobretudo em resposta às lutas identitárias e aos movimentos decoloniais — aliás, uma luta encampada pelo MARGS em seus anos recentes.

Assim como em “Avesso”, projeto realizado em parceria com o artista Maurício Ianês na Fundação Iberê Camargo em 2018, Andressa Cantergiani pretende criar esculturas performativas com os resíduos deixados pelo MARGS durante a reforma, gerando uma discussão em site-specific sobre as entranhas, engrenagens e bastidores do Museu. Iniciada em dezembro de 2020, a reforma está prevista para seguir até setembro deste ano.

Na visão de Andressa Cantergiani, “Felina” propõe investigar as estruturas heterotópicas dos museus de arte na contemporaneidade e suas dinâmicas de atuação interna e externa, bem como refletir sobre a mulher artista como potencial agenciadora desses trânsitos entre a esfera pública e a privada, entre a visibilidade e invisibilidade do trabalho, desde uma perspectiva histórica. Nas palavras da artista:

“Afinal, o museu está aberto ou fechado? Quais dimensões virtuais do fazer artístico e institucional se sobrepõem à vida de um museu? Quais artistas entram num museu hoje? Qual é o museu que nós imaginamos, ou queremos, e como ele deve operar publicamente? Essas e outras perguntas fazem parte desta imersão mise-en-abyme na vida dos museus de arte desde tempos passados até  o tempo presente”, comenta Andressa Cantergiani.

Bernardo José de Souza argumenta que museus, por definição, constituem espaços de ampla visibilidade pública, sua arquitetura destinando-se à exibição de objetos de valor científico, cultural e artístico, bem como à construção e difusão do conhecimento — embora, geralmente, não de toda e qualquer sorte de conhecimento. Nas palavras do curador:

“Ao longo da modernidade, desde suas origens na Europa do século 18, museus não apenas foram responsáveis por consolidar o cânone do Ocidente, mas sobretudo por forjar suas narrativas históricas totalizantes. Mas e se, ao revés, decidíssemos pensar o museu desde a perspectiva da invisibilidade? Como um mecanismo não mais de display, mas de ocultamento da história, das dinâmicas institucionais, ou mesmo da própria criação artística? Em ‘Felina’, o museu converte-se num espaço opaco, desolado, refratário à esfera pública — às capas de impermeabilidade social decorrentes das obras estruturais no museu, e do lockdown imposto pela pandemia, a artista vai sobrepor ainda outras mais, derivadas dos discursos ideológicos e políticos historicamente construídos desde o interior de tais instituições”, comenta Bernardo José de Souza.

Segundo o curador, Cantergiani lança mão de uma estratégia “animista” ao disfarçar-se de felina para deambular pelas galerias, corredores, pontos cegos, escritórios e acervos do Museu, desvelando recintos, rotinas, coreografias públicas ou mesmo institucionais, ao passo em que revela padrões arquitetônicos e hierárquicos, juízos de valor simbólico e estético. Nas suas palavras:

“Ao vestir a “pele” de um animal, a artista se e nos pergunta da ideia de totalidade investida num museu, e da produção de um conhecimento supostamente universal, embora produzido unilateralmente sob as bases epistemológicas do Ocidente e do a priori filosófico sujeito/objeto —ou, dito de outro modo, do apartamento entre cultura/natureza. Ao assumir a forma de um gato, a artista também está, alegoricamente, falando das muitas ausências antropológicas nessas instituições, em suas coleções e seus relatos, a saber: a das mulheres, dos negros, dos povos indígenas, e de tantas outras culturas subsumidas sob discursos univocais propostos pela maioria dos museus ao redor do mundo, os quais via de regra ignoram cosmologias divergentes e desprezam a diversidade de narrativas e de memórias materiais ou simbólicas na esteira dos deletérios processos coloniais travados no curso da história. Por outro lado, este invasor, este agent provocateur no âmbito institucional, alude à ideia de uma pilhagem às avessas, qual seja, a de saquear o museu para restituir aos povos conquistados seus mais caros artefatos dos quais foram espoliados na esteira do imperialismo europeu”, comenta Bernardo José de Souza.

Para o diretor-curador do MARGS, Francisco Dalcol, o contexto e o cenário da reforma e do fechamento do Museu criaram uma oportunidade especial para que pudesse vir a receber e hospedar a realização de uma ação artística, ao modo de uma residência temporária. Nas suas palavras:

“Sem presença do público e de obras expostas nas galerias em razão da reforma, e com o cenário de intervenções das melhorias nos espaços e estruturas do prédio, é como se o MARGS se encontrasse desnudado, permitindo que possamos ver o Museu de outro modo, talvez até mais profundo, quem sabe renovando nosso próprio modo de conhecer e experenciar o MARGS. Em termos de história da arte, ‘Felina’ encontra seus antecedentes nas práticas de crítica institucional e crítica à instituição, integrando uma vertente de ações artísticas contemporâneas, notadamente performativas, que investigam e explicitam as estruturas físicas e simbólicas das instituições. Poder receber a ação artística de Andressa Cantergiani pelo programa ‘Poéticas do agora’, neste momento de impossibilidade presencial no Museu, de ausência do público e mesmo das obras nos espaços expositivos, também cumpre nosso desejo de que a circunstância atípica e temporária de impedimentos e ausências possa gerar interesse e dar lugar a pesquisas envolvendo processos e investigações de linguagens artísticas, ao mesmo tempo em que o Museu se abre ao escrutínio do exame crítico de suas estruturas físicas e simbólicas”, comenta Francisco Dalcol.

Em seus desdobramentos, o projeto “Felina” deverá culminar em uma mostra individual da artista em Porto Alegre, Berlim e Madri, sendo possivelmente transposta também para o espaço virtual conforme o contexto da pandemia de COVID-19. A produção será de Jaqueline Beltrame, e a museografia será de Edu Saorin.

Ao mesmo tempo em que realiza o projeto “Felina”, Andressa Cantergiani está participando de exposições coletivas no Brasil e exterior, entre físicas e virtuais.

De 17/4 a 13/6, participa no neue Gesellschaft für bildende Kunst, em Berlim, da coletiva “museo de la democracia”, que que discute as dependências políticas, econômicas e discursivas da América Latina em relação ao Norte. Com intensa programação online de visitas guiadas, debates e vídeos, o projeto conta com a participação de nomes como Doris Salcedo, Maria Thereza Alves e Daniela Ortíz, entre muitos outros artistas, teóricos e atores. Concebido como uma instituição fictícia, o museu tem um comitê curatorial formando por Valeria Fahrenkrog, Daniela Labra, Teobaldo Lagos Preller, Marcela Moraga e Paz Ponce Pérez-Bustamante.

Andressa Cantergiani também participa do projeto coletivo “O tempo como verbo”, realizado pelo Instituto Cultural Torus. A exposição em formato de galeria virtual imersiva traz também uma reflexão sobre o meio virtual como um espaço em que as regras do mundo físico não precisam ser aplicadas. Participam ainda mais seis artistas: Túlio Pinto, Dirnei Prates, Ío, Andressa Cantergiani, Bruno Borne, André Severo e Virgínia di Lauro.

A artista

Andressa Cantergiani é artista visual e performer. Vive entre Berlin e Porto Alegre. É doutoranda em Poéticas Visuais pelo PPGAV-UFRGS, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP e graduada em Artes Cênicas pelo DAD/UFRGS. Estudou Performance na UDK- Universidade das Artes em Berlin. Artista representada da Galeria Mamute, Porto Alegre-Brasil. Gestora da BRONZE Residência e galeria Península em Porto Alegre. Curadora e educadora do PPPP [Programa Público de Performance Península], premiado duas vezes. Realizou residências, projetos e exposições em diversos espaços em redor do mundo, tais como Fundação Iberê Camargo (RS/BR), MAC-RS – Museu de Arte Contemporânea (RS/BR), Museu de Arte Contemporânea Bispo do Rosário (RJ/BR), Residência Terra Una (BR/MG). Possui obras em coleções particulares e acervos do MARGS, MAC e AMARP.

O curador

Bernardo José de Souza é curador, professor e crítico de arte. Entre 2017 e 2019, ocupou o posto de Diretor Artístico da Fundação Iberê Camargo, de onde partiu para estabelecer-se em Madrid como curador independente. Desde então, vem desenvolvendo projetos curatoriais para diversos espaços e instituições. Graduado em Comunicação Social na PUCRS e Especialista em Fotografia e Moda na University of the Arts London, entre 2006 e 2013, foi professor de cursos de graduação e pós-graduação nas universidade PUCRS, ESPM-RS, UNISINOS e FEEVALE. Também integrou o corpo docente da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e ministrou workshops de curadoria na Despina, no Rio de Janeiro, além de ter colaborado com diversos periódicos sobre arte e cultura visual.

 

SERVIÇO

Projeto “Felina”, de Andressa Cantergiani, com acompanhamento crítico do curador Bernardo José de Souza

Quando: durante a reforma do Museu, que começou em dezembro de 2020 e está prevista para seguir até setembro de 2021

Onde: Museu de Arte do Rio Grande do Sul — MARGS, Porto Alegre, RS

LIVE FELINA – Conversa com Andressa Cantergiani, Bernardo José de Souza e Francisco Dalcol

Quando: 20.04.2021, às 18h, no YouTube do MARGS, com tradução simultânea em Libras

YouTube: https://youtu.be/y–PPxZnrps

 

MARGS EM CASA

O MARGS está temporariamente fechado para receber a reforma que envolve a substituição do sistema de climatização e a restauração da parte superior do histórico prédio. As obras seguem até setembro de 2021, e a previsão é que o MARGS reabra parcial e gradualmente ao público.

Siga nos acompanhando por aqui:

www.facebook.com/museumargs

www.instagram.com/museumargs

https://www.margs.rs.gov.br/catalogo-de-obras/

https://issuu.com/margsmuseu

https://www.youtube.com/channel/UCyH6lDVOn8CZEfMW4JIY46w/videos

 

Equipes do MARGS | Contatos em teletrabalho

Como instituição pública, estamos seriamente empenhados com o compromisso de reduzir as possibilidades de contaminação, oferecendo condições de segurança, bem-estar e saúde ao público, aos nossos colaboradores e à sociedade como um todo.

Mesmo temporariamente fechados, seguimos em atividade e contato com o público, reforçando o compromisso e empenho de continuarmos oferecendo nosso serviço público enquanto instituição museológica do Estado do RS voltada à história da arte e à memória artística, assim como às manifestações, linguagens, investigações e produção em artes visuais.

Os setores do museu estão em contato pelos e-mails dos nossos Núcleos:

▪ Núcleo Administrativo: administrativo@margs.rs.gov.br

▪ Núcleo de Comunicação: comunicacao@margs.rs.gov.br

▪ Núcleo Educativo: educativo@margs.rs.gov.br

▪ Núcleo de Acervo: acervo@margs.rs.gov.br

▪ Núcleo de Restauro e Conservação: restauro@margs.rs.gov.br

▪ Núcleo de Curadoria: curadoria@margs.rs.gov.br

▪ Núcleo de Documentação e Pesquisa: pesquisa@margs.rs.gov.br

▪ Associação dos Amigos do MARGS: aamargs@margs.rs.gov.br

▪ Direção: diretor@margs.rs.gov.br e fernanda.medeiros@margs.rs.gov.br

Se precisar nos telefonar, estamos no (51) 3227-2311.

 

 

MARGS | MUSEU DE ARTE DO RIO GRANDE DO SUL

Patrocínio

BRDE

CMPC Celulose Riograndense Ltda

Sulgás

Vero Banrisul

Apoio

AAMARGS – Associação dos Amigos do Museu de Arte do Rio Grande do Sul

Café do MARGS

Banca do Livro

Bistrô do MARGS

Arteplantas

Tintas Killing

iSend

Realização

Governo do Estado do Rio Grande do Sul

Secretaria de Estado da Cultura do RS

MARGS – Museu de Arte do Rio Grande do Sul

MARGS

Praça da Alfândega, s/n°

Centro Histórico, Porto Alegre, RS

90010-150
Visitação de terça a domingo, 10h às 19h, entrada gratuita

Telefone: (51) 3227-2311

Site: www.margs.rs.gov.br

Facebook: https://www.facebook.com/museumargs

Instagram: www.instagram.com/museumargs

Apoio e Realização