O Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), em parceria com a Faculdade de Educação da UFRGS (FACED), apresenta mais uma edição do ciclo de debates “Arredores da imagem: zona de investigações poéticas”, reunindo pesquisadores/as de diferentes áreas do conhecimento, agora por meio de encontros em plataformas digitais em decorrência do contexto de pandemia.
O primeiro convidado é o pedagogo Elisandro Rodrigues, Doutor em Educação, cuja palestra parte do tema “Não há imagem sem imaginação”, fragmento de um texto de Georges Didi-Huberman, filósofo e historiador da arte francês, que defende a imagem como processo e ato. O encontro ocorre na sexta-feira, 09.10.2020, às 10h, pelo link abre.ai/arredores2020.
Até o final do mês de outubro, serão apresentadas seis palestras realizadas semanalmente, nas quartas e sextas-feiras, com a participação de profissionais atuantes em pesquisas e estudos acadêmicos, para conversar com o público sobre assuntos relacionados à imagem. A atividade é gratuita e voltada ao público geral.
Entre os próximos convidados, estão Juliana Costa, Mayra Martins Redin, Fabricio Silveira, Ester Dreher Heuser e Silvana Boone (veja programação completa abaixo).
“Arredores da imagem: zona de investigações poéticas” é uma ação de extensão vinculada à FACED/UFRGS, com coordenação do professor e pesquisador Cristiano Bedin da Costa (DEC/FACED/UFRGS). Configura-se como um espaço de circulação e compartilhamento de investigações transdisciplinares em torno da noção de imagem e de suas multiplicidades teóricas e existenciais. A parceria com o MARGS estreou no passado, com as palestras sendo trazidas a público no auditório do Museu.
RESUMOS DAS FALAS E BIOS
09.10, sexta-feira, às 10h
“Não há imagem sem imaginação”, por Elisandro Rodrigues
“Não há imagem sem imaginação” é um fragmento de um texto de Georges Didi-Huberman no qual ele disserta sobre a aparição e a desaparição. Parte-se desse pormenor textual para pensar a imagem como processo e ato que, de certa forma, é passageira. Toma-se a imaginação como uma montagem que cria relação entre as coisas. Para montar o imaginar “é preciso ensaiar… pois leva tempo aprender como fazer”, como diria Marília Garcia. Propomos a instauração de um tempo – um hiato, uma pausa, uma fenda, um espaço fissurado – para observar os sintomas do nosso tempo ou, como diria Giorgio Agamben em sua indagação a respeito do contemporâneo, o escuro de nosso tempo. Para pensar na função política da imaginação e, quem sabe, ver onde pousam as palavras e perdem-se os olhares, assume-se como diferentes possibilidades de olhar – formas de ver o mesmo lugar, como diria Marília Garcia –, o procedimento de outros: as imaginações visuais de Evgen Bavcar; as palavras grafadas em prendedores de Elida Tessler; as linhas poéticas de Marília Garcia e o pensamento que atravessa fronteiras de Georges Didi-Huberman.
Elisandro Rodrigues
É Pedagogo; Doutor em Educação [Unisinos]; Mestre em Saúde Coletiva [UFRGS]; com Residência em Saúde Mental Coletiva pela UFRGS/EducaSaúde; Especialista em Educação em Saúde Mental Coletiva [UFRGS]; Especialista em Tecnologias da Informação e da Comunicação Aplicadas à Educação [UFSM]. Pesquisador do grupo de pesquisa Narrativas em Saúde, vinculado ao Grupo Hospitalar Conceição.
14.10, quarta-feira, às 9h
“Cineclubes escolares: a imagem em diálogo”, por Juliana Costa
A prática cineclubista como possibilidade pedagógica com o cinema e para o cinema em suas especificidades como linguagem, arte, técnica e atividade social. Como incentivar uma cultura cinematográfica em contextos educativos? De que formas as imagens do cinema podem ativar os espaços da educação, bem como criar outros, por meio das suas historicidades, estéticas e formas próprias de pensamento?
Juliana Costa
É Doutoranda em Comunicação Social pela PUCRS, com pesquisa em cinema e educação, e Mestre em educação pela UFRGS, com a dissertação “Exibição de filmes em contexto escolar: entre o Programa de Alfabetização Audiovisual e a sala de aula”. Trabalha no projeto Programa de Alfabetização Audiovisual desde 2012, é crítica de cinema e membro fundadora do Cineclube Academia das Musas, dedicado a pesquisar e difundir a obra de cineastas mulheres.
16.10, sexta-feira, às 10h
“Anotações cotidianas e as fragilidades da imagem”, por Mayra Martins Redin
Leonilson anota em uma tela: “na neblina, o bom piloto”. Um amigo me conta um sonho repleto de olhos que o observam de dentro de um retângulo pequeno. Leio o texto de uma artista que ficou um ano sem se olhar no espelho. Escuto uma criança dizer que o sonho é uma imaginação “sozinho”. Confundo o nome de um livro e em um ato falho, ao invés de dizer “Eu sei porque o pássaro canta na Gaiola”, pergunto “Porque os pássaros cansam da janela?”. Partirei desta coleta de pequenas anotações cotidianas, – atravessadas por uma trágica pandemia –, para propor um pensamento sobre imagens completas e que não nos permitem parar e também sobre aquelas, frágeis, que urgentemente criamos para dar conta daquilo que nos aparece como inexplicável e insuportável. Estas estão a nos pedir um tempo de suspensão e de deriva na neblina, onde criar e ver imagens talvez tenha a ver com não olhar tão de frente para o que está a se mostrar: como um astrônomo que utiliza a “visão lateral” para observar objetos de brilho tênue.
Mayra Martins Redin
Atua na intersecção entre a arte, a escrita e a clínica psicanalítica. Doutora em Artes, atua também na clínica e como professora. Participa de exposições e residências artísticas desde 2004. Publicou o livro “Poema de começo de construção” (Quelônio, 2018) e “Histórias de observatório” (Confraria do Vento, 2013), e também ensaios e artigos em torno das temáticas da palavra, da imagem e da escuta. Integra o grupo-oficina Artesania dos Dias, que trabalha a partir de coleta de sonhos e colagens coletivas.
21.10, quarta-feira, às 19h
“Mecanosfera/Monoambiente”, por Fabrício Silveira
Asfixia e debilidade psíquica, currículos fraudados e hiperprodutivismo burocrático. Esses temas povoam o universo acadêmico e foram perseguidos no livro “Mecanosfera / Monoambiente” (Porto Alegre: Zouk, 2020), uma novela de ficção teórica recém-lançada. O objetivo do encontro é discutir esse exercício de theory fiction, descrevendo-o, seja em termos formais, seja em termos de seus arranjos dramáticos ou mesmo de suas proposições de fundo, das janelas e dos precedentes que tentou abrir. Uma narrativa de ficção para reinventar/reimaginar uma universidade em crise?
Fabrício Silveira
É escritor e professor universitário. Formado em Comunicação Social – habilitação em Jornalismo (UFSM), Mestre em Comunicação e Informação (UFRGS), Doutor em Ciências da Comunicação (Unisinos, RS) e Pós-Doutor pela School of Arts and Media (Salford University, UK). Autor de uma série de livros de ficção e não-ficção. Atualmente, realiza estágio pós-doutoral – bolsa PNPD Capes – junto ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
23.10, sexta-feira, às 10h
“Da voz ao ouvido: a imagem”, por Ester Dreher Heuser
A partir das experimentações com os projetos áudio-fônicos, “Doses literárias” e “Eu li filosofia pra ti”, o encontro tratará da questão posta por Deleuze: “o que pode a voz fazer com o conceito?”, para problematizar acerca da ação da imaginação para criar imagens, sem ver, mas ouvindo.
Ester Dreher Heuser
É professora-pesquisadora Associada da UNIOESTE, Campus Toledo (PR), no curso de Filosofia – Licenciatura, Mestrado e Doutorado (Linha: Ética e Filosofia Política). Pesquisa, publica e leciona em torno da Filosofia de Deleuze e seus intercessores; da Filosofia Política de Rancière; Filosofia da Educação e do Ensino de Filosofia. Interessa, sobretudo, ocupar-se das variações e possibilidades de modos de existência que desafiam a lógica da identidade, da representação e do juízo e que afirmam o devir e a invenção. Participa da Rede de Pesquisa “Escrileituras da diferença em filosofia-educação” oriundo do Projeto interinstitucional (UFRGS, UNIOESTE, UFPEL, UFMT) “Escrileituras: um modo de ler-escrever em meio à vida”, (2011-2014) do Programa Observatório da Educação DEB/CAPES/MEC; do Grupo de Pesquisa da UNIOESTE Ética e Filosofia Política/CNPq. Graduada em Filosofia (Licenciatura – 1998) e mestre em Educação nas Ciências, área Filosofia (2002), pela UNIJUÍ e doutora em Educação, linha de pesquisa Filosofia da diferença e educação (2008), pela UFRGS.
28.10, quarta-feira, às 19h
“Sobre a invisibilidade das mulheres artistas”, por Silvana Boone
Este encontro busca debater, não somente o questionamento da historiadora americana Linda Nochlin, “Por que não houve grandes mulheres artistas?”, mas apontar os processos de educação através da imagem para diminuir as lacunas da história da arte.
Silvana Boone
É professora e pesquisadora na Universidade de Caxias do Sul (UCS) desde 1995. Doutora em História, Teoria e Crítica pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2013). Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (1999). Especialista em Artes Visuais pela Universidade de Caxias do Sul (1993). Graduada em Licenciatura Plena em Educação Artística pela Universidade de Caxias do Sul (1990). Principais atuações no ensino da História da Arte e Arte Contemporânea, curadoria e crítica da arte.
SERVIÇO
“ARREDORES DA IMAGEM”: ZONA DE INVESTIGAÇÕES POÉTICAS
09.10, sexta-feira, às 10h
“Não há imagem sem imaginação”, por Elisandro Rodrigues
14.10, quarta-feira, às 9h
“Cineclubes escolares: a imagem em diálogo”, por Juliana Costa
16.10, sexta-feira, às 10h
“Anotações cotidianas e as fragilidades da imagem”, por Mayra Martins Redin
21.10, quarta-feira, às 19h
“Mecanosfera/Monoambiente”, por Fabrício Silveira
23.10, sexta-feira, às 10h
“Da voz ao ouvido: a imagem”, por Ester Dreher Heuser
28.10, quarta-feira, às 19h
“Sobre a invisibilidade das mulheres artistas”, por Silvana Boone
Link para os encontros: https://meet.google.com/pme-vtvm-ufg
Informações: facebook.com/arredoresdaimagem | margs.rs.gov.br | instagram.com/museumargs
Parceria MARGS e FACED/UFRGS