O Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli apresenta ao público o belo trabalho de Alexandre Pinto Garcia intitulado “Sob a Alva”. São dezenove desenhos em preto e branco onde figuram nus mutilados e personagens cujas expressões são iluminadas por um flash de luz que imobiliza o instante.
A palavra “alva” traduz perfeitamente a atmosfera que envolve o trabalho deste artista gaúcho, cuja inspiração vem dessa luz que incide sob seus desenhos criando uma espécie de aura silenciosa.
Dentre várias acepções, alva quer dizer “a primeira claridade do dia”, “a vestimenta sacerdotal”, “a vestidura dos condenados quanto conduzidos ao patíbulo”, como explica o artista.
Com uma temática de cunho intimista, o artista apresenta uma riqueza formal e desenha com maestria, usando apenas caneta esferográfica preta sobre papel, com pleno domínio do claro-escuro e com uma linguagem própria proporcionando outro ponto de vista sobre a técnica que domina.
Os desenhos de Alexandre não são simples desenhos, pois à medida que o espectador se aproxima percebe a perfeição da linha, o efeito luz e sombra e a habilidade em dominar a intensidade do traço para dar o efeito “sob a alva”.
Segundo o artista, os desenhos nasceram de três pequenas séries que, em princípio, eram distintas: “De Amor e Restos Humanos”, “Sob a Alva” e “Sob a Insígnia de Pöe”.
A primeira destas séries – “De Amor e Restos Humanos” – reunia os desenhos que retratam nus mutilados e pedaços de corpos – os restos humanos – banhados por uma luz repentina que sobre eles incide como num relâmpago; um relâmpago que faz cegar, motivo pelo qual os personagens se contorcem.
A segunda série – “Sob a Alva”, que agora dá nome a todos os desenhos – reunia os retratados cujos rostos mostram-se à mesma luz que incide sobre os personagens de Géricault e Caravaggio, a luz primeira que surge no horizonte, antes do nascer do sol.
Há ainda uma terceira série constituída pelos desenhos em que uma figura sacerdotal – ressonância das personagens de Gustave Doré – projeta uma sombra ora sobre um túmulo, ora sobre uma parede; ou ainda surge ereta sobre uma rocha, à margem de um promontório.
De tudo isso resultou “Sob a Alva”, cujo significado remete a qualquer instante que acontece nesta luz específica entre o término da noite e o nascer do dia, num limiar que é também o limiar da morte.
“Em meu repertório esta é a luz do momento derradeiro. Alva é, portanto, em minha concepção, a luz que incide sobre meus personagens no instante em que alcançam um extremo – como num flash -, seja a contorção após o relâmpago, seja o instante em que revelam ao expectador uma expressão facial que denota algo entre o terno e o sinistro. “
“A vontade, a vontade sobrevive”
“Esta frase aplica-se especialmente aos desenhos que retratam cabeças mutiladas e braços em expressões e flexões impróprias ao que, em tese, já estaria morto. Algo sobrevive nestes “restos humanos”. Uma expressão de dor atribuída, talvez, ao corpo que aquela cabeça não tem; a flexão de um braço mutilado em que o pulso ainda se faz sentir, latejando. Ainda há vida.”
A exposição ocorre de 17 de dezembro a 24 de janeiro, nas Salas Negras do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (MARGS), com entrada franca.
O MARGS funciona de terças a domingos, das 10h às 19h, com entrada franca.
Apoio
Café do MARGS
Arte e Plantas
Celulose Riograndense
Realização
AAMARGS
MARGS
Governo do Estado do Rio Grande do Sul
SERVIÇO:
“Sob a Alva”, de Alexandre Pinto Garcia
Abertura: 17 de dezembro, às 19h
Visitação: De 17 dezembro a 24 de janeiro de 2016
Horário: de terças a domingos, das 10h às 19h
Local: Museu de Arte do Rio Grande do Sul – Salas Negras
Entrada Franca
MARGS
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Porto Alegre, RS
Centro Histórico
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